Seja bem-vindo ao portal: Amplitude News

NOTÍCIAS

Suspeito diz que prefeito o contratou para cometer incêndio e acusa delegado de tortura

Data: Sexta-feira, 09/03/2018 21:00
Fonte: Olhar Direto

Um homem de 27 anos, identificado como Juliano Thibes Guedes, procurou o Ministério Público de Alta Floresta para prestar depoimento sobre o caso do incêndio à sede da Prefeitura de Nova Bandeirantes (a 1001 km de Cuiabá). O suspeito afirmou que foi contratado pelo próprio prefeito, Valdir Rio Branco, com o filho dele e com o secretário de Obras José Gabriel para que cometesse o incêndio.

Ele ainda disse que chegou a ser torturado e ameaçado de morte pelo delegado Flávio Stringueta durante seu interrogatório. O delegado afirma que esta já é a quinta vez que o suspeito muda seu depoimento e que o que disse não é verdade. O prefeito não foi encontrado para dar sua versão dos fatos. 
 
Em seu depoimento, o suspeito afirma que foi contratado pelo próprio prefeito de Nova Bandeirantes, seu filho advogado e pelo secretário de Obras do município, pelo valor de R$ 50 mil para atear fogo na Prefeitura de Nova Bandeirantes em outubro do ano passado.

No entanto, ele diz que não cometeu o ato, mas repassou para que outras pessoas o fizessem. Toda a parte documental da administração foi consumida pelas chamas.

Em outro depoimento o suspeito ainda disse que os autores do incêndio foram depois procurados pelo secretário de Obras, que lhes ofereceu dinheiro para que acusassem outras pessoas de serem os mandantes do crime.

No último dia 28 de fevereiro, após investigações, o suspeito foi localizado pela polícia. Ele foi ouvido na presença do delegado Flávio Stringueta, de um escrivão e outros dois investigadores.

O homem contou que utilizaram de violência contra ele e que o teriam ameaçado. Ele afirma que o delegado Stringueta teria dito que caso ele contasse as ameaças para alguém ele não iria só apanhar, mas morrer.

Já no dia 1º de março o suspeito teria ido até o Hospital de Nova Bandeirantes para cuidar dos ferimentos que teria sofrido durante o interrogatório. No momento em que aguardava atendimento ele teria sido abordado por Stringueta, que teria pedido que ele retornasse à delegacia para esclarecer alguns pontos de seu depoimento.

Na delegacia ele conta que foi espancado e torturado por 7 horas. O suspeito conta que levou socos, pisões no estômago, enforcamento e que em dado momento teriam colocado um pano molhado em seu rosto e começaram a jogar água. De acordo com ele, os policiais queriam que ele mudasse seu depoimento para que imputasse a autoria do crime a outras pessoas, e não para o Prefeito.

Outro lado

O delegado Flávio Stringueta afirmou que nenhuma das acusações do suspeito são verdadeiras e que ele já mudou de versão diversas vezes.

“Este sujeito tem pelo menos cinco versões dentro do inquérito, uma diferente da outra, é um mentiroso, vai ser até difícil usar algum dos depoimentos dele para tomar alguma medida dentro do inquérito. O que dá para dizer com relação a essas acusações é que tudo que foi feito com ele foi na presença do advogado dele, que ele constituiu. Não tem como proceder isso. Toda vez que a gente faz este tipo de procedimento em que tem confissão eu peço a presença de advogado justamente para evitar este tipo de acusação depois”.

De acordo com o delegado este tipo de estratégia é comum por parte dos suspeitos após confessarem um crime.

“Porque é comum que a pessoa indiciada quando confessa, volta atrás e diz que confessou sob ameaça do delegado, sob tortura. Isto é bastante comum, não foi a primeira vez, desde que eu entrei na polícia eu recebo este tipo de acusação, só que eu sou calejado e eu já aprendi”.

Stringueta ainda afirma que não teme estas acusações e que o suspeito deve responder pelo que disse sobre ele e os policiais.

“Além dos processos que já indiciamos ele, ainda vai sobrar para ele agora a denunciação caluniosa, só vai aumentar a pena dele. Nós estamos absolutamente tranquilos, eu e meus policiais não temos nenhuma preocupação com relação a isso, é mais uma na minha vida e na dos policiais, e quem tem medo de denúncia não trabalha, vamos continuar recebendo até o fim da carreira”.

Olhar Direto entrou em contato com a Prefeitura de Nova Bandeirantes, mas a assessoria informou que o prefeito Valdir Rio Branco estava em viagem e não havia alguém para responder em seu lugar. Foi tentado também contato pelo celular do prefeito, por ligação e mensagens, mas não nenhuma chamada foi atendida e nem as mensagens foram respondidas. Por último, a reportagem também tentou entrar em contato com o secretário de Obras, José Gabriel, mas este também estava em viagem.