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Cuiabá já registra 5 feminicídios em 2018 enquanto 9 foram registrados em todo 2017

Data: Sábado, 10/03/2018 09:00
Fonte: Vinicius Mendes

De acordo com a juíza Ana Graziela Vaz de Campos Alves Corrêa, da 1ª Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Cuiabá, o número de feminicídios na Grande Cuiabá só nestes primeiros anos já se aproxima da totalidade de casos registrados em 2017. Quando se compara com 2016 a diferença é ainda mais alarmante. Apenas um caso de feminicídio foi registrado naquele ano.

 
A juíza lida constantemente com casos de violência doméstica em Cuiabá. Ela contabilizou um aumento alarmante no número de casos de violência doméstica que chegaram a feminicídio.

“Contando com o último desta semana, Mato Grosso já está com 18 mortes, só em Cuiabá foram cinco. No ano de 2016 Cuiabá fechou com apenas um feminicídio, em 2017 foram nove, o que já foi muito, e este ano só nos primeiros meses meses já foram feminicídios só em Cuiabá e 18 mulheres mortas no Estado”, disse a juíza.

Em sua experiência a juíza conta que na maioria dos casos o feminicídio vem de agressões anteriores.

“99% já eram vítimas de violência doméstica, porque dificilmente começa com feminicídio. Começa sempre com xingamentos, depois uma ameaça, um empurrão, uma fratura, até chegar ao ápice, que seria o feminicídio”.

De acordo com ela muitas das vítimas procuram a Justiça, buscando medidas protetivas, mas acabam desistindo e retornando para o agressor, seja por dependência financeira, psicológica ou afetiva. Além disso, ela afirma que o principal problema é a cultura machista de nosso país.

“O problema é esta dependência da vítima, mas o maio culpado é a cultura machista que nós temos aqui no Brasil. Os homens tratam a mulher como se fosse um objeto, tem aquele sentimento de possessividade, ela muitas vezes vai estar abaixo de um animal”.

Qualquer mulher está sujeita a ser vítima de violência doméstica. A juíza Ana Graziela afirma que já encontrou casos de mulheres e agressores de todas as classes sociais.

“Não há perfil específico de vítimas, isto acontece em toda classe social. Nós temos vítimas empregadas domésticas, secretárias, médicas, juízas, jornalistas, e o agressor também, nós temos desde pedreiro até o mais alto escalão. Todas as mulheres estão sujeitas a esta violência”, disse.

Ela acredita que o que pode mudar este cenário é a certeza da punição do agressor.

Mutirão contra a violência

Nesta semana foi realizada, dos dias 5 a 9, a campanha Justiça pela Paz em Casa, um mutirão na Arena Pantanal, envolvendo vários órgãos dos poderes Executivo e Judiciário, para dar finalidade em centenas de processos de violência doméstica.

Na ocasião, a corregedora-geral da Justiça, a desembargadora Maria Aparecida Ribeiro, afirmou que o que falta são políticas públicas de amparo às vítimas.

 “É muito triste. Nós não temos políticas públicas, elas são muito acanhadas, então tem situações em que a mulher procura os órgãos e acaba não sendo realmente atendida da forma que deveria ser, então eu acho que isso é o reflexo de tudo que ocorre ultimamente, poderíamos dizer que estávamos satisfeitos com a lei Maria da Penha, mas nós temos alguma coisa a melhorar. A gente procura, dentro da Corregedoria, dentro do Poder Judiciário fazer alguma coisa para minimizar esta situação”.

O governador Pedro Taques, que esteve presente na Arena Pantanal no mutirão, anunciou que já há um novo prédio para a Delegacia de combate a crimes de gênero, na região do Boa Esperança, que irá funcionar 24 horas por dia.