Representantes das forças de segurança, apresentaram nesta quarta-feira (14.03), o trabalho de planejamento e inteligência desenvolvido para identificar e coibir ações de membros de facções criminosas. As ações são silenciosas e precisas, pautadas nas atividades de inteligência e na verificação da autenticidade dos fatos.
Na ocasião, foi apresentado o andamento da operação ‘10º Mandamento”, deflagrada nesta manhã (14.03) – com cumprimento de 51 ordens judiciais (38 mandados de prisão e 13 buscas e apreensões), expedidas pela 7ª Vara do Crime Organizado de Cuiabá, contra membros de uma facção criminosa. A ação aconteceu em três estados brasileiros: Mato Grosso, Goiás e Paraná.
O secretário de Segurança Pública, Gustavo Garcia, destacou que a sociedade tem anseio por respostas rápidas, mas o compromisso da segurança é com a verdade dos fatos. “A pressão é inimiga de uma boa investigação. Todos os fatos apresentados são tratados inicialmente pelas agências de inteligência que verifica a autenticidade, veracidade e daí são realizadas as respostas necessárias, pautada na atividade de inteligência”.
O gestor lembrou o trabalho da repressão qualificada e de investigação, além da capacitação e motivação dos servidores para garantir a segurança da sociedade. Ele reforçou o compromisso com o trabalho dos policiais militares, civis, bombeiros e agentes das Politec e do Detran.
“Mato Grosso privilegia a investigação, a repressão qualificada e a inteligência policial. O confronto é consequência, devido a técnica que proporciona agir dessa forma, por isso, o resultado positivo apresentado com a realização de várias operações de combate ao crime organizado”.
Secretário de Justiça e Direitos Humanos, Fausto José Freitas da Silva ressaltou a importância do trabalho em conjunto entre Sesp e Sejudh, com intensifcação das parcerias nos últimos anos.
“Temos consciência do papel da Sejudh junto a segurança pública na contribuição do enfretamento das organizações criminosas. O foco é melhorar, pois o crime é interligado e repercute dentro e fora das unidades prisionais. A criminalidade é uma só, não importa se está preso ou se está solto, temos que buscar mecanismos para combater essas facções criminosas”.
Fausto relembrou diversas reuniões com a equipe de inteligência das forças de segurança, que podem vir a somar no combate e controle no sistema prisional.
(Foto: Preso morto na PCE teve mensagem escrita na camisa: 'PCC maldito')
O comandante geral da Policia Militar, coronel PM Marcos Vieira da Cunha, frisou que a PM atua com o maior número possível de policiais na rua para combater as organizações criminosas. “O trabalho de integração vem trazendo resultados positivos para sociedade. Unidades especializadas como Bope e Rotam estão com o efetivo na rua em todo estado.”
O delegado geral da Polícia Judiciária Civil, Fernando Vasco Spinelli, destacou o trabalho da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), que de forma minuciosa identifica os indivíduos que se dizem integrante dessas organizações criminosas, com pichações, manifestação, por meio de aplicativo de mensagens ou mídia social.
“É importante o apoio da população que denuncia ajudando identificar esses individuos, o cidadão de bem que não aceita a ocupação dessa organização em seu bairro, passa informação a polícia – nós identificamos esses indivíduos e estamos constantemente com ações contundentes reprimindo a articulação de organização criminosa no estado”.
O diretor da Perícia Oficial e Identificação Técnica, Reginaldo Rossi destaca o planejamento que já vem de muito tempo, por meio da inteligência da Politec implantada pensando nesse combate à criminalidade e principalmente com foco nas organizações criminosas. “Nós temos um planejamento integrado com a PJC e PM, com orientação da prioridade nas perícias relacionadas ao crime organizado”.
Hierarquia do crime
Entre os 2 foragidos, está a jovem Emmylee Souza da Silva, a "Princesinha", da equipe de disciplina da facção. Atuava com ela Carla Eduarda R. dos Santos, a "Duda", presa em Barra do Garças ( 509 km a Leste de Cuiabá), cidade de onde começaram as investigações.De 38 alvos da operação 10º Mandamento, até o final da manhã, 36 mandados de prisão já tinham sido cumpridos.
Delegado Joaquim Leitão, de Barra, informa que, no organograma do crime, elas decidem a pena dos que não rezam rigorosamente na cartilha do CV.
No organograma do crime, apresentado pela Segurança Pública após investigações feitas por núcleos de inteligência, o líder em Mato Grosso é Renildo Silva Rios, o "Snype", que já está preso na Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná. Há 3 meses foi transferido da PCE.
Com forte capacidade de comunicação, comanda a equipe, de acordo com o delegado Leitão.
No conselho final da facção, Aldemir de Assis Campos, o "Japa", é da disciplina. Gilson Rodrigues dos Santos, o "Russo", tem a tarefa de cuidar das finanças. Para desmontar o caixa da quadrilha, na operação estão autorizadas 11 quebras de sigilo bancários e telefônicos.
Tanto Japa quanto Russo já estão presos na Penitenciária Central do Estado.
Cabe a Wanderson Pinheiro de Souza, o "Caju", do Recursos Humanos (RH), batizar os novatos. Ele estava em liberdade e foi preso em Cuiabá nesta manhã, em decorrência da operação.
Pelo organograma, quem mantém a disciplina fora da Capital é o pessoal do conselho do interior, Fábio Barbosa, o "Barbosa", e Amaury Milhomen, o "Sofrimento", junto com Duda e Princesinha.
A intenção agora é avaliar a periculosidade dos envolvidos e tentar transferi-los para penitenciárias federais, uma forma de coibir a comunicação e os trabalhos deles.
Especula-se que em 2004, quando a facção CV começou a ocupar Mato Grosso, eram apenas algo em torno de 50 integrantes e que atualmente passam de 3 mil.