Dar à luz dentro da água é uma prática cada vez mais comum entre as mulheres, mas um caso tem chamado a atenção nas redes sociais por um motivo nada convencional: uma jovem mãe teria tido seu bebê dentro do Mar Vermelho, no Egito.
De acordo com o jornal Daily Mail, trata-se de uma turista russa que entrou na água em trabalho de parto, acompanhada por seu parceiro e por um suposto médico. Algum tempo depois, quatro pessoas saíram do mar – os três adultos e um recém-nascido aparentemente saudável. A mãe, de biquíni, parecia estar voltando de um mergulho qualquer.
As fotos desse momento inusitado foram compartilhadas no perfil do Facebook de Haida Hosny El Said, que teria capturado as imagens da varanda de um apartamento em Dahab, uma pequena cidade na costa da península do Sinai.
Embora as informações sobre o caso ainda sejam poucas – o relato da mulher e conclusões tiradas a partir das fotos divulgadas na internet – a presença de um médico no momento do parto indica que tudo teria sido planejado.
Pelas imagens, é possível ver o que seria a placenta, ainda ligada ao bebê, colocada numa tigela. “O homem mais velho é um russo especializado em fazer exercícios para que os bebês nasçam no mar”, escreveu Haida em sua postagem.
Embora essa prática seja cada vez mais comum, inclusive dentro de hospitais, é preciso fazer algumas ressalvas em relação à segurança da mãe e do bebê. No caso do parto no mar, por exemplo, é importante lembrar que determinadas condições podem prejudicar o pequeno, como a salinidade, que é agressiva para o recém-nascido, e a baixa temperatura.
“Em geral, a mulher se sente mais confortável na água, pois o controle da dor é maior, principalmente na água quente que é um método não-farmacológico muito eficaz. Mas no mar a água normalmente é bem mais fria, o que traz risco ao bebê que precisa ser aquecido assim que nasce”, explica Wagner Rodrigues Hernandez, mestre em obstetrícia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
O especialista ressalta ainda a possibilidade de haver detritos na água do mar, levando ao contato do bebê com bactérias, além de animais marinhos. “Não se tem segurança nenhuma nessa situação. Não é possível ter controle dos batimentos cardíacos do bebê quando a mãe está submersa no mar. Para os dias de hoje, esse é um risco desnecessário”, diz o médico.
Já no caso do parto na água em ambiente controlado, há uma temperatura mais adequada e é possível ouvir os batimentos cardíacos do bebê intermitentemente, o que dá uma segurança adicional. Ainda assim, é preciso lembrar que não se conhece exatamente as condições da água utilizada.
“Temos que lembrar ainda que, quando o bebê passa pelo canal vaginal, a mulher pode evacuar e fazer xixi, o que pode contaminar a água e fazer com que a criança tenha alguma infecção relativamente grave”, ressalta Dr. Wagner.
Outra questão apontada pelo especialista é que qualquer complicação que a mãe tenha vai demorar mais para ser resolvida, já que ela terá que ser retirada da banheira. “Essa é uma boa ajuda durante todo o processo do trabalho de parto, mas na hora do nascimento é melhor que a mulher esteja fora da água”, pondera o obstetra.