O dia começou um pouco mais cedo para a técnica em Segurança do Trabalho, Marla Cabral. Às 04h ela já estava pronta para viver uma nova experiência em sua vida: ser uma voluntária da 9ª edição da Caravana da Transformação, que teve início nesta terça-feira (19.09), no município de Juína.
Para atuar nesta Caravana, Marla dedicou alguns dias de sua semana em uma capacitação promovida pela Defesa Civil de Mato Grosso. O sacrifício valeu à pena para quem desejava acima de tudo ajudar ao próximo. Na segunda-feira (18) ela foi uma das 812 pessoas que receberam a certificação do curso de formação de voluntários, o maior número já registrado em todas as edições.
Entre as práticas aprendidas pelos alunos estão: noções de primeiros socorros, combate a princípio de incêndio, atendimento ao público, voluntariado e um módulo especial de condução de cadeira de rodas e Linguagem Brasileira de Sinais – Libras. A capacitação teve duração de 12 horas/aula e as primeiras turmas tiveram início um mês antes da Caravana.
“Eu nem sabia o que era a Caravana. Quando descobri como funcionava, eu me apaixonei logo de cara”, conta a voluntária de 28 anos. Dividida entre as profissões – Marla também é promotora de eventos – e os três filhos com idades de 14, 8 e 2 anos, ela manteve a rotina agitada alternando o trabalho voluntário, a vida pessoal e profissional.
O espírito solidário também contagiou o filho mais velho, Welligton Barboza, que cursa o 9º ano. Juntos, mãe e filho recepcionaram os pacientes que estiveram nesta manhã no evento. “Meu filho que quis vir. Eu só quis mostrar a ele que nós podemos auxiliar ao próximo. Acho que eu tive êxito”, contou a “mãe coruja”.
Da primeira edição do evento, que ocorreu em julho de 2016 até a atual, muita coisa mudou, como lembrou o secretário adjunto de Proteção e Defesa Civil, Ten. Cel. BM Abadio José da Cunha Junior. “Em Barra do Bugres, primeira edição da Caravana, queríamos deixar um legado para o município. Lá formamos 300 voluntários. E nessa edição chegamos a 800 pessoas que acreditam nesse projeto. O que ensinamos aqui pode salvar vidas”, destacou Cunha.
Este número surpreendeu até mesmo o prefeito de Juína, Altir Peruzzo, que avaliou o recorde de voluntários como uma grande demonstração de que o espírito solidário está presente no município. “Agradeço ao Governo do Estado pela oportunidade de receber uma Caravana, mas agradeço especialmente ao cidadão juínense pela vontade de auxiliar o próximo”.
Os voluntários atuam principalmente no acolhimento e no credenciamento dos pacientes que buscam atendimento oftalmológico na Caravana da Transformação. Esta é uma medida não só de economia aos cofres públicos, mas de humanização do atendimento, como explicou o coordenador-geral do programa e secretário de Estado do Gabinete de Governo, José Arlindo de Oliveira.
“Nós poderíamos contratar uma empresa para cuidar do receptivo da Caravana, mas aí perderíamos esse lado totalmente humanizado que somente os voluntários oferecem. Hoje não temos neste evento Estado e municípios, temos pessoas querendo ajudar outras pessoas”, destacou José Arlindo.
Uma viagem de mais de mil quilômetros
A experiência de ser um voluntário da Caravana da Transformação pode ser apaixonante, como foi para Maria de Jesus de Araújo. Ela se formou e trabalhou durante a 8ª edição do programa, que ocorreu em agosto, em Barra do Garças. Não hesitou em viajar mais de 1.000 quilômetros de sua cidade até Juína para repetir a dose, nem que para isso, tivesse que fazer uma forcinha a mais.
“Viemos eu e mais duas amigas e desde o começo não foi fácil. Perdi de fazer a prova do concurso da Seduc, porque estava viajando e vendemos até panqueca para juntar dinheiro e conseguir chegar até aqui. Mas chegamos e desde o início a gente sentiu a dedicação das pessoas da cidade com a gente”, contou.
A vontade de ajudar o próximo não para por aí. Maria e as amigas já estão planejando novas iniciativas para custearem a ida à próxima edição da Caravana, que acontecerá em Tangará da Serra, em outubro. E claro, a missão de ajudar o próximo e compartilhar o conhecimento está entre suas prioridades.
“O conhecimento que adquirimos gratuitamente em Barra, agora estamos passando adiante”, finalizou Maria emocionada.