Há seis semanas um garoto de 13 anos, de Michigan, nos Estados Unidos, começou a sentir-se mal. Marquel Brumley estava com sintomas comuns de um resfriado: tosses e coriza e, ao procurar um médico, foi orientado a usar remédios voltados para essa condição. No entanto, o problema tratava-se de uma sinusite e o diagnóstico errado custou a vida do jovem norte-americano.
Quando percebeu que o estado de saúde do filho não estava nada bem, a mãe de Brumley, Cameo, o levou ao pronto socorro no dia 22 de fevereiro. Lá, médicos o diagnosticaram com uma simples infecção viral, e nenhuma suspeita de sinusite foi levantada.
Com a prescrição de medicamentos para alívio dos sintomas nasais e diminuir febre e dores no corpo em mãos, a equipe médica garantiu à família que com o uso dos fármacos os sintomas desapareceriam em poucas horas. No entanto, ao invés de melhorar, o garoto começou a sentir fortes dores de cabeça que não iam embora.
Cinco dias depois de ser diagnosticado com um simples resfriado, o estudante foi levado diretamente para o departamento de emergência. As dores de cabeça estavam mais frequentes e ele foi diagnosticado com dor de cabeça tensional. Segundo os médicos, o problema era comum e ele foi enviado para casa depois de receber medicação na unidade para dor, mas sem receita médica.
Quando as dores de cabeça persistiram, a mãe do adolescente o levou a outro hospital. Ali, os médicos disseram o jovem sofria de enxaqueca e atribuíram o problema à puberdade.
“Levei meu filho lá para obter ajuda”, disse Cameo. “Eu pensei que era o que eles achavam que era. Eu acreditei neles”, contou ainda muito abalada pela perda do filho ao Daily Mail .
Novamente, Brumley foi mandado para casa sem nenhum tratamento adicional. Então, em 5 de março, as enxaquecas ficaram muito piores. O olho esquerdo do menino estava inchado e ele perdeu o movimento muscular no lado esquerdo do corpo, o que fez com que essa parte “caísse”, conforme explicou a mãe, acrescentando que seu filho estava arrastando o pé esquerdo quando andava.
Quando o levou para a sala de emergência pela terceira vez, finalmente os médicos perceberam que ele estava com algo além das enxaquecas e o encaminharam para uma ressonância magnética.
O exame revelou que Brumley tinha uma infecção sinusal, ou sinusite, como também é chamada, progressiva, que percorreu seu osso e os vasos sanguíneos do cérebro, criando coágulos que restringiam o fluxo sanguíneo e aumentaram a pressão sobre o cérebro.
Ao perceber a gravidade da situação, o jovem foi levado para um hospital maior, onde imediatamente realizaram uma cirurgia no cérebro para o líquido que se acumulava no cérebro.
Após o procedimento, os médicos administraram antibióticos intravenosos, uma vez que não conseguiram remover toda a infecção. No entanto, a equipe estava preocupada com o fato de o menino não conseguir acordar da cirurgia.
Dias depois, eles realizaram outro procedimento para medir a pressão do cérebro, pensando que esse poderia ser um motivo pelo qual Brumley não estava acordando.
Os médicos disseram a Cameo que a pressão cerebral de seu filho era de 50%, quando deveria estar abaixo dos 10%. Essa pressão cortava o oxigênio para o cérebro. “Cheguei a pensar que meu filho ficaria bem. Mas depois disso ele nunca mais acordou”, lamenta Cameo.
No dia seguinte, os médicos informaram a família sobre a morte cerebral do jovem devido a complicações da sinusite. Ele não foi mantido vivo por aparelhos porque, no estado de Michigan, quando alguém é declarado com morte cerebral, o indivíduo é considerado clinicamente morto.
A notícia foi dolorosa para Cameo que está em pedaços, segundo ela mesma. “Era só eu, meu filho e minha filha”, disse a mulher, que também é mãe de Alexandria, de 15 anos. “Não estou aguentando essa dor”.
Porém, ela encontra consolo no fato de que seu filho pôde salvar a vida de sete pessoas através da doação de órgãos. Cameo e sua família estão atualmente aceitando doações através de sua página GoFundMe para cobrir os custos médicos e funerais de Marquel.
Outra paciente que também sofreu com diagnóstico errado foi uma senhora de 71 anos, que acabou ficando com o rosto deformado. Depois de ter ouvido dos médicos durante quatro anos que suas dores no nariz eram provocadas por sinusite, ela descobriu que o problema que causava dor em suas narinas era, na verdade, um tumor .
Quando começou a sentir os incômodos, Editha Dadores, que é das Filipinas, decidiu visitar um médico em uma ilha próxima de sua casa, em Puerto Princesa. Na época, o profissional nem cogitou a possibilidade de ser um tumor . Ele afirmou que o caso não passava de um quadro de sinusite, e receitou medicações específicas para tratar a doença.
Porém, mesmo tomando as medidas cabíveis os sintomas não sumiram. A família da idosa insistiu em leva-la ao hospital diversas vezes, e em todas elas, vários tipos de medicações foram recomendadas, mas a dor não passava e o nariz ficava cada vez mais inchado. Em 2015 ela chegou a passar por uma cirurgia para tentar curar o problema, sem sucesso.
Depois disso, ao realizar alguns exames de imagens, foi possível observar que a alteração no rosto de Editha chegou a causar mudanças estruturais em seu crânio: o tumor cresceu tanto, a ponto de quebrar os ossos de sua face.
Só então os médicos reconheceram que o diagnóstico de sinusite estava errado e foi constatado que o que a filipina tinha era um tumor conhecido como papiloma nasal.
Essa condição é um tipo de inflamação comum, que ocorre nos seios da face, localizada na região facial das cavidades ósseas ao redor do nariz, bochechas e olhos. Ela pode ser crônica, mas muitas vezes se dá por um quadro alérgico ou outra situação temporária que esteja atrapalhando a drenagem correta de secreção.
Nesses casos, para aliviar os sintomas – que incluem pressão ou dor facial, redução ou perda do olfato, dores de ouvido, tosse, garganta inflamada e náusea -, alguns remédios como antibióticos e corticoides são recomendados para o tratamento, que dura entre duas e três semanas.