Um bebê de três dias de vida morreu na manhã de quarta-feira (28), em Peixoto de Azevedo, por falta de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal. A criança nasceu com dificuldades respiratórias e a promotoria da cidade havia solicitado a Secretaria de Estado de Saúde (SES) a internação, porém não foi atendida.
No ofício encaminhado ao procurador de Justiça, Paulo Prado, o promotor Marcelo Mantovani Beato desabafa e critica a saúde no Estado que não atendeu a solicitação a tempo. “Não precisa mais, ela morreu hoje cedo”, escreveu o promotor no ofício ao receber informações do pai da criança sobre o falecimento.
O hospital da cidade não conta com ventilação automática para auxiliar na respiração da criança entubada. A ventilação estava sendo feita manualmente pelos servidores do hospital público da cidade.
No ofício, o promotor escreve que a Justiça havia determina a disponibilidade da internação na UTI, porém o Estado não cumpriu.
“Henry, infelizmente, não pode vivenciar a "transformação" que esse Estado tanto propaga em suas campanhas publicitárias, abastecidas com milhões de reais oriundos do erário, mas sem recursos para adquirir um respirador automatizado ou providenciar a abertura de novos leitos de UTI Neonatal”, critica.
O representando do Ministério Público Estadual (MPE) ressalta que o governo se orgulha em falar dos altos números da produção mato-grossense, mas não oferece saúde e dignidade a população mais pobre.
Outro lado
Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Saúde informou que lamenta a morta do bebê e que fez o possível para prestar socorro ao recém-nascido, mas a vaga não foi disponilizada a tempo.
Confira nota
O Governo do Estado de Mato Grosso lamenta a morte do recém-nascido Henry, ocorrida nesta quarta-feira (28.03), na cidade de Peixoto de Azevedo. Henry nasceu no dia 26.03 em Guarantã do Norte e foi transferido no mesmo dia para o Hospital Regional de Peixoto de Azevedo devido a um problema respiratório. Naquela unidade hospitalar, o recém-nascido foi imediatamente entubado e o médico solicitou a internação dele em uma UTI neonatal nos hospitais da região. A Secretaria de Estado de Saúde tentou, sem sucesso, uma vaga em UTI neonatal no hospital de Tangará da Serra.
A UTI aérea foi acionada para fazer a transferência assim que fosse possível obter uma vaga em UTI neonatal. No entanto, o quadro respiratório se agravou e o recém-nascido faleceu às 6h30 desta quarta-feira, antes de sua transferência para outra unidade hospitalar.
A Secretaria de Estado de Saúde informa que atualmente cerca de 550 leitos de UTI recebem financiamento do Governo do Estado e que suas equipes realizam um rastreamento intenso em busca de leitos vagos de UTI sempre que há demandas reguladas. Entretanto, ainda existe no Estado um gargalo de ofertas de leitos de UTIs, principalmente infantil e neonatal.
A Secretaria de Estado de Saúde ressalta ainda que não tem medido esforços para melhorar a rede pública de saúde e tem colaborado com as prefeituras no custeio de UTIs, média e alta complexidade, atenção básica, farmácia e Unidades de Pronto Atendimento (UPA).