O ex-secretário de segurança pública de Mato Grosso, Rogers Elizandro Jarbas, que é investigado no esquema de grampos no estado, e chegou a ser preso e faz uso de tornozeleira eletrônica, mais uma vez se envolveu em polêmica ao ameaçar na última quarta-feira (28/03) o delegado Flávio Stringueta no estacionamento de um supermercado localizado no bairro Jardim das Américas em Cuiabá-MT.
De acordo com o boletim de ocorrências emitido pela corregedoria da Polícia Civil, Rogers é acusado de ameaça e calúnia pelo delegado que conta que estavam no caixa do supermercado terminando de pagar suas compras quando Rogers o cumprimentou.
Depois do gesto cordial de ambas as partes, ao deixar o estabelecimento e se aproximar de sua motocicleta, Flávio foi surpreendido por Rogers que chegou provocando e se mostrando nervoso com Stringueta e começou a ameaçá-lo.
“Começando a conversar, chamando o comunicante (Flávio Stringueta) de covarde e mentiroso; o comunicante tentou interromper a conversa para evitar problemas, mas Rogers continuou chamando o comunicante de covarde, mentiroso e acrescentou que era ‘safado’’, diz trecho da narrativa registrada.
Não satisfeito segundo consta o boletim de ocorrências, Rogers ainda sugeriu ao delegado que ambos resolvessem o problema de “homem para homem”, “olho no olho”, dando Stringueta a entender que Rogers sugeria um enfrentamento em vias de fato.
O ex-secretário ainda acusou a delegada Alana Cardoso junto com Stringueta de terem mentido no depoimento, e que ambos ‘armaram’ contra ele e que atribuiu ao desembargador Orlando Perri a sua prisão.
Para finalizar, Rogers falou que irá acabar com todos, (Perri, Stringueta e Alana Cardoso) que vai reverter tudo em um processo e vai tirar dinheiro de todos eles. Diante da denúncia a corregedoria da Polícia Civil investiga o caso, e Stringueta se comprometeu a apresentar um CD com as imagens do circuito de segurança do mercado, onde mostra toda a situação narrada.
REINCIDENTE
No dia 25 de agosto, o desembargador Orlando Perri determinou que Rogers fosse investigado por suposta obstrução de Justiça. A decisão foi fundamentada por conta dos vazamentos de informações sigilosas em relação ao esquema de grampos operado pela Polícia Militar, no Palácio Paiaguás. Além disso, o secretário teria realizado "interrogatório" indevido da delegada da Polícia Civil Alana Cardoso.
Já no dia 27 de setembro Rogers teve o pedido de prisão cumprido e foi levado para o Fórum de Cuiabá onde passa por audiência de custódia acompanhado dos advogados Wagner Bassi, Saulo Gayva e Samira Martins.
O promotor de Justiça Mauro Zaque fez uma representação contra Jarbas, e encaminhou um ofício a Perri, no dia 25 de junho, em que afirmou que Rogers Jarbas tentou investigá-lo de forma ilegal, e estava sendo vítima de “armações” e “perseguições”, por parte do secretário.
“E, o mais curioso, foi a tentativa de o Secretário de Estado de Segurança Pública, Rogers Elizandro Jarbas, investigar, por via transversa, seu antecessor, o Promotor de Justiça Mauro Zaque de Jesus, autoridade esta que trouxe à tona a existência do malsinado grupo criminoso formado para prática de escutas telefônicas clandestinas” relata parte da decisão do desembargador Orlando Perri.
“Segundo até então apurado, o representado Rogers Elizandro Jarbas, valendo-se de seu cargo e de sua influência, busca interferir nas investigações atinentes à prática do crime de interceptação telefônica ilegal, alcunhada de “grampolândia pantaneira”, tentando obter documentos sigilosos, ou constrangendo autoridades policiais e oficiais militares, intimidando pessoas ligadas à apuração destes fatos”, continua parte da determinação de Perri.