Âmbar Energia, controladora da Usina Termelétrica de Cuiabá - Mário Covas - e do Gasoduto Bolívia-Mato Grosso, anunciou nessa terça-feira (2) a suspensão das atividades de importação de gás natural. A medida, de acordo com a empresa, foi tomada após o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) arquivar uma ação protocolada pela empresa pedindo a apuração da conduta anticoncorrencial da Petrobras no fornecimento de gás natural.
Com essa decisão de segunda-feira (2), a empresa alega falta de perspectiva em receber combustível da Petrobras, que detém o monopólio no mercado de importação de gás natural.
"Não há perspectiva de a empresa voltar a receber o combustível, indispensável para o funcionamento da usina", diz trecho da nota, ao argumentar a inviabilidade de dar continuidade às operações, já que desde meados do ano passado só funcionou por 35 dias por falta de gás.
Segundo a Âmbar, elétrica do grupo J&F, dono da empresa de alimentos JBS, com o combustível recebido pela usina torna inviável a manutenção de um empreendimento desse porte nas condições atuais.
A Usina Mário Covas, como é conhecida, foi comprada pela empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista, em 2015, mesmo ano em que o pedido de investigação tinha sido protolocado no Cade.
A Âmbar diz que estava disposta a operar enquanto tivesse gás, mas que a Petrobras se recusa a vender gás natural para a termelétrica.
"A decisão do Cade não deixa alternativa à Âmbar Energia a não ser suspender temporariamente as operações da Usina Térmica de Cuiabá e do Gasoduto Bolívia-Mato Grosso, deixando temporariamente de competir no mercado", declarou.
No mês passado, o Ministério de Minas e Energia autorizou a Âmbar Energia a exercer atividades de importação de gás natural até 31 de dezembro de 2019.
Sobre os quase 100 funcionários da termelétrica que atuam nas operações do gasoduto e da usina, a empresa informou que vai iniciar um processo de negociação com o sindicato para suspender temporariamente os contratos de trabalho.
A Usina Térmica de Cuiabá, com capacidade de gerar até 480 megawatts de energia elétrica, é uma das mais modernas e eficientes do Brasil, e sua produção é relevante para o sistema elétrico nacional como reconhecido pelo Ministério de Minas e Energia, que chegou a interceder junto à Petrobras para que o fornecimento de gás fosse retomado.
O Gasoduto Bolívia-Mato Grosso possui 645 Km de extensão, sendo 283 Km no lado brasileiro e 362 Km no lado boliviano, com capacidade de transporte de 4 milhões BTU/dia sem compressão e 7,5 milhões BTU/dia com compressão.