A Pastoral do Migrante, localizado no bairro Carumbé, será o novo local de moradia dos venezuelanos que desembarcaram na manhã de sexta-feira (06), em Cuiabá. O grupo de 66 pessoas decidiu sair de seu país de origem e escolheu ficar na capital mato-grossense ao invés de ir para São Paulo. A grande maioria dos que estavam no avião afirmou estar passando muita fome na Venezuela.
O Circuito Mato Grosso acompanhou desde as primeiras horas dia quando o avião 767 Força Aérea Brasileira (FAB), aterrissou no Aeroporto Internacional Marechal Rondon. No desembarcou os imigrantes foram recepcionados pela secretária de Estado de Trabalho e Assistência Social (Setas), Monica Camolez,i e pelo Bispo Dom Mílton do Santos, que fez questão de abençoar todos que descia do voo.
Segundo dados preliminares divulgados pelo representante da Organização das Nações Unidas no Brasil (ONU), Paulo Sergio de Almeida, 66 pessoas ficaram em Cuiabá. Deste total, 37 homens, 29 mulheres e uma média de 16 crianças, sendo duas de colo.
Desde o início, a ONU vem acompanhando e oferecendo todo apoio para todos que atravessaram a fronteira e chegaram à capital Boa Vista, em Roraima. Os imigrantes foram transferidos para Cuiabá e São Paulo com objetivo de serem relocados e inseridos no mercado de trabalho.
“Realizamos monitoramento de fluxo, registro oficial das pessoas com documentação, acompanhamento para saber o perfil profissional, abrigos, e referência ao sistema público de saúde e educação no Brasil”, comentou Paulo Sergio da ONU.
Os viajantes, foram transportados em um ônibus do Exército Brasileiro (44° Batalhão Infantaria Motorizado) e mais um caminhão foi usado para levar malas e outros pertences descarregados pelos militares.
Os novos imigrantes, homens, mulheres e crianças, foram para o refeitório da Pastoral. Cada um deles, recebeu um prato de comida e realizaram seu primeiro almoço em Cuiabá. No local, vivem atualmente 27 haitianos que também foram recebidos em 2013 quando também viram em busca de melhor condições de vida após o país enfrentar a tragédia de um terremoto.
O Bispo de Cuiabá, disse que todo alimento recebido veio de doação da população que ofertou sua ajuda humanitária, houve ações por parte do poder público que também está ofertando sua ajuda.
“Todo alimento veio de doação de pessoas que ficaram sensibilizadas com a dificuldade dessas pessoas, o poder público está pagando a conta de energia e oferecendo apoio para manutenção”, comentou o Bispo.
Um país em convulsão
Desde a morte do ex-presidente Hugo Chávez (1954-2013), um político populista que promoveu melhorias na qualidade de vida dos venezuelanos, principalmente para as classes mais pobres, começou a transição para o governo de Nicolás Maduro, que tentou aplicar em seu governo o 'Chavismo'. Porém, o preço do barril de petróleo, base da economia da Venezuela, baixou e o controle estatal, modelo de socialismo inspirado pelo bolivarianismo, se mostrou insustentável.
Hoje, nos mercados do país faltam alimentos, produtos de higiene e remédios. A inflação se encontra acima de 800% ao ano, aumentando o preço de insumos básicos, quando esses conseguem ser encontrados. As ruas se encheram de oposição declarada ao governo que responde aos protestos de forma radical. O apoio do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), há 18 anos no poder, é cada vez mais constetado no país.
A situação caótica provocou uma forte onda migratória de venezuelanos miseráveis para os países vizinhos da América Latina. Desde o início da crise, 50 mil venezuelanos vieram para o Brasil, sendo Roraima, Amazoas e Pará os principais destinos.
A crise tem a ver com o aprofundamento do modelo bolivariano, com equívocos da oposição e com o isolamento internacional imposto à Venezuela. Uma crise similar a de Cuba pós 1991, quando a 'Ilha Comunista' precisou sobreviver sem o apoio da ex-União Soviética.
Está prevista uma eleição presidencial para a segunda quinzena de maio. O atual presidente Maduro apresenta-se a um segundo mandato para permanecer no poder até 2025, e tem como opositores Henri Falcón, um dissidente do chavismo, e quatro outros candidatos.
FONTE: com Juliana Arini