A prometida entrega do novo Pronto Socorro Municipal de Cuiabá (PSMC) feita pelo governador, Pedro Taques (PSDB), e pelo prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (PMDB), foi uma das decepções do aniversário de Cuiabá. A mais esperada obra de saúde pública de Mato Grosso deveria ter ficado pronta nas comemorações dos 299 anos da capital, porém, chegada a data, ninguém tocou no assunto.

A ultima vez que o PSMC de Cuiabá foi tema de discursos ocorreu durante o lançamento da unidade de PSF que atende os bairros Jardim Florianópolis e Jardim União, no último dia 09/03, quando o prefeito Emanuel Pinheiro reafirmou o compromisso da entrega do PSMC. 

“Sou prefeito de toda a Cuiabá, mas especialmente das pessoas mais carentes. Àquelas que não têm recursos para pagar um plano de saúde e um médico particular. Cuiabanos que dependem unicamente do Sistema Único de Saúde da nossa Capital, ou é o SUS ou é o SUS. Por isso, a oferta de um atendimento mais digno e humanizado à população é uma de nossas principais metas. Com essa premissa, a equipe conduzida pela secretária Elizeth Araújo recuperou os recursos que estavam praticamente perdidos e vem tocando essas obras estruturando e reestruturando as equipes e as unidades de atendimento para a população que merece todo nosso comprometimento”, enfatizou o prefeito à época, antes da exoneração da secretária. 

Na lista de entrega para abril do Prefeito, reafirmada pelo o diretor de obras da Secretaria Municipal de Saúde, Wellington Simões estavam o atual PS, os PSFs Dom Aquino, Jardim Fortaleza, Jardim Vitória I, Ana Poupina, Renascer, Centro de Saúde Parque Cuiabá, as UBS Jockey Clube, Ouro Fino, Residencial Itapajé Santa Terezinha, São João Del Rey e ainda a UPA Verdão. Além de obras em outros cinco PFS.

Federalização da obra foi barrada pelo governador

Há dois anos a bancada federal cogitou federalizar a obra para agilizar a entrega. Porém o governador Pedro Taques  foi contra a transferência das obras do novo Hospital e Pronto-Socorro de Cuiabá para a União. A proposta partiu do senador Wellington Fagundes (PR), que deu início ao processo para que o Ministério da Saúde assumisse os serviços.

Na época, Taques sugeriu que a intenção do senador seria eleitoreira. “Quero logo dizer que sou contra a passagem do hospital pronto-socorro de Cuiabá para a União. É uma tese que caiu de paraquedas. Agora que o filho está bonito, todo mundo quer ser o pai. Mas, e o filho hospital Júlio Muller que só fizeram 11%, fizeram o hospital num banhado?”, ironizou em entrevista ao Jornal Meio Dia, em dezembro de 2016. Passado quase dois anos, e às vésperas das eleições de 2018, o novo PSMC segue como uma promessa.

Além do atraso nas obras da saúde, o aniversário de Cuiabá amanheceu sem muita cultura. Os principais museus da cidade também estavam fechados. 

Governo ficou com dinheiro do PSMC

Uma das razões do atraso na obra do novo Pronto Socorro de Cuiabá foi o desvio dos recursos destinados à obra. Em novembro, o  secretário da Casa Civil Max Russi (PSB), confirmou que as emendas impositivas da bancada federal de Mato Grosso, de R$ 126 milhões, que deveriam ser destinadas para equipar a unidade foram transferidas para o Governo do Estado. 

"O governador pediu ao prefeito, para que a obra seja inaugurada no aniversário, porém é muito difícil". Seria difícil, pois segundo Russi, o governador Pedro Taques (PSDB) quer que uma parte da emenda vá para o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

“Tivemos uma reunião com a bancada federal, junto com o prefeito Emanuel Pinheiro, onde nós estamos discutindo uma emenda de R$ 126 milhões, que seriam aproximadamente R$ 88 milhões para a saúde e R$ 36 milhões para o Incra. Até esse momento não foi apresentado o que vai ser usado de equipamento para o Pronto-Socorro de Cuiabá", contou o secretário na época. 

Segundo o secretário, o Estado fez mudanças na emenda. "Nós teríamos que aprovar esse projeto até o final do ano, senão perderíamos a emenda. Por isso fomos até Brasília e fizemos essa mudança, seriam R$ 50 milhões para o Governo do Estado para custeio, para pagar os filantrópicos, os hospitais regionais e a atenção básica dos municípios. Outros R$ 50 milhões nós faríamos um convenio com a Prefeitura e colocando mais R$ 30 milhões do Governo, equiparíamos o Pronto Socorro", explicou. 

Até o início de abril, nem o dinheiro dos Hospitais Filantrópicos havia sido repassado pelo governo estadual. 

No dia 04, o presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), José Eduardo Botelho, recebeu em seu gabinete o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, representantes dos hospitais filantrópicos e o presidente do Ministério Público (MPE), Mauro Curvo, nesta quarta-feira (4), para tratar sobre o grande caos do repasse de verbas aos hospitais filantrópicos.

O prefeito  Emanuel Pinheiro, disse ao presidente ALMT e membro dos filantrópicos, que a verba destinada aos hospitais filantrópicos está disponível em caixa, o valor gira em torno de 10 milhões, porém, ainda não foi repassada aos hospitais, porque o gestor achava que havia alguma burocracia, impedimento na legislação e que não permitia o pagamento.  

Já o governo do Estado simplesmente não repassou duas emendas destinadas aos cincos hospitais filantrópicos, no valor de 33 milhões.

Salgadeira segue fechada por conta da 'Chuva'

Outra promessa para o aniversário de Cuiabá era a entrega do Terminal Turístico da Salgadeira, que também não ocorreu. Segundo o Secretário de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso, André Baby, a obra não pode ser concluída por conta da chuva que teria atrasado o processo.

Em nota da assessoria de imprensa, o Governo do Estado já fez uma lista de obras ligadas ao aniversário de 'Cuiabá 300' anos, ou seja, tudo que ficou para 2019, são elas:

-Duplicação do trecho urbano da Rodovia Emanuel Pinheiro (MT-251)

-Duplicação do trecho urbano da Rodovia Helder Cândia (MT-010)

-Duplicação da Rodovia Palmiro Paes de Barros (MT-040)

-Pavimentação do Coxipó do Ouro a MT-251

-Reconstrução da MT-251 (do trevo do Manso até o Balneário Mutuca)

-Entrega da Trincheira Lenine Póvoas (Santa Rosa)

-Trincheira de acesso à MT-010 (45% de conclusão)

-Recuperação das avenidas Tenente Coronel Duarte (Prainha) e Rubens de Mendonça

-Construção do novo Pronto-Socorro

-Entrega de ambulâncias

-Novo Centro de Reabilitação Dom Aquino Côrrea (Cridac) no antigo Hospital Central, que segue absolutamente abandonado

-Reforma e custeio da ala pediátrica do Pronto-Socorro atual

-Incentivo ao custeio do Hospital São Benedito

-Pagamento de 25% do custeio das UPAs Pascoal Ramos e Morada do Ouro

-Contrapartida na construção dos residenciais Nico Baracat I,II,III

-Revitalização do Museu Histórico, Casa dos Governadores e Palácio da Instrução

-Ganha Tempo do Centro (em reforma)

-Entrega do COT da UFMT (primeiro semestre)

-Entrega da nova Escola Técnica Estadual (primeiro semestre)