Quem trafega pelos 272 km de chão da BR-174 entre os municípios de Castanheira e Colniza, região noroeste de Mato Grosso, tem se surpreendido com as condições da estrada nesse início de período chuvoso.
As condições precárias dos anos anteriores geraram muito descontentamento e reclamações por parte dos usuários, que têm na BR a única alternativa para chegar aos lugares mais longínquos do extremo norte mato-grossense.
Muitas pessoas já passaram dias na estrada com seus veículos atolados e tiveram que dormir de qualquer jeito em cabines de caminhões, ônibus e sem poderem tomar banho e se alimentar direito.
Entretanto, contrariando os retrospectos, a nossa reportagem recebeu o depoimento de um usuário da estrada satisfeito com a atual situação da rodovia. Filho de caminhoneiro, nosso personagem conhece a BR-174 desde o ano 2.000 quando iniciou empreendimentos no município de Colniza. Ele sempre percorre o trecho e já passou vários apuros ao longo dos anos, mas em 2017 as coisas têm sido diferentes.
“Eu sempre viajo para essa região com veículo traçado, já esperando passar por sufoco, porém nessa última viagem, realizada no final de outubro de 2017, fiquei surpreso com as condições da estrada. Ela nunca esteve tão boa, está patrolada, cascalhada e toda reformada”, disse.
O único problema, segundo ele, é um atoleiro que se formou em um desvio criado para a reforma de uma ponte de madeira há 50 km de Colniza.
“Essa é a única parada obrigatória nesse trecho. Estão construindo uma nova ponte de madeira e no desvio feito pela empresa acabou se formando um atoleiro que com as fortes chuvas que caíram na região se agravou. A minha sorte é que meu carro é traçado, senão teria ficado preso, assim como os demais”, comemorou.
Pavimentação
A pavimentação asfáltica dos 272 km da BR-174, obra que é de responsabilidade do Governo Federal em convênio firmado com a Sinfra, é aguardada pela população local há décadas e é considerada fundamental para a sobrevivência na região. A obra vem sendo cobrada pela Frente Parlamentar do Noroeste, criado para acelerar o desenvolvimento da região.
Composta por vereadores das cidades do noroeste, a FPN já realizou várias audiências públicas com autoridades estaduais e federais solicitando o início das obras de asfaltamento. Dos seis lotes que compreendem a estrada, quatro tem o fator chamado “componente indígena”, que precisa ser analisado, já que a rodovia passa por aldeias e impactos ao meio ambiente estão sendo estudados.
Deputados já se comprometeram a colocar os recursos através de emendas, mas enquanto os estudos não sejam concluídos dificilmente os trabalhos de pavimentação serão iniciados.
Até o momento, a falta do estudo é o principal entrave para o pavimento asfáltico, já que a rodovia está em área indígena. “Hoje, demos mais um passo. Na última reunião, estávamos com algumas pendências referentes aos componentes indígenas, peça fundamental para conseguir a licença ambiental. Sem isso, não podemos iniciar a obra. Então, não adianta termos recursos financeiros e o projeto de pavimentação, se não temos a licença ambiental”, explicou o secretário de Estado de Infraestrutura e Logística, Marcelo Duarte.
A obra representa muito para as pessoas daquela região, que muitas vezes vivem sem oportunidades, sem acesso, sem saúde e segurança por falta de uma estrada.