Em 2016, um surto de zika vírus mudou a vida de muitas mulheres grávidas. O vírus interfere na formação do bebê ocasionando a microcefalia, que altera a circunferência do crânio da criança. A maior parte dos casos é causada por infecções adquiridas pela mãe, especialmente no primeiro trimestre da gravidez, que é quando o cérebro do bebê está sendo formado.
Muitas gestantes que contraíram zika vírus tiveram bebês com microcefalia.
Dentre tantas histórias, a dona de casa Fernanda Pereira da Silva, de 31 anos, é mãe de um desses bebês. Ela decidiu partilhar a sua hitória de vida para ajudar outras mães que passam pela mesma situação.
Ela morava em Pontes e Lacerda, a 483 km de Cuiabá, quando recebeu o diagnóstico de que o filho tinha microcefalia.
"No começou fiquei muito assustada, tive medo, passei uma semana de luto. Não queria ver, nem conversar com ninguém", contou.
Segundo Fernanda, os dias de reclusão foram necessários para que ela repensasse a situação.
“Resolvi não me precipitar e acredito que isso me ajudou a aceitar a condição do meu filho e a lutar por ele”, completou.
Depois que Murilo nasceu, Fernanda se mudou para Cuiabá em busca de tratamento adequado para o filho.
De acordo com a dona de casa, apesar do aparato médico da capital, o atendimento para portadores de microcefalia ainda é precário.
"Por exemplo, meu filho precisava fazer fisioterapia pelo menos três vezes por semana, mas a rede pública só oferece trinta minutos por semana", explicou.
Diante dessa situação e das dúvidas ocasionadas pela doença, Fernanda buscou ajuda de outra forma e procurou um grupo de mães de crianças com microcefalia de todo o Brasil. Por meio de aplicativo, elas trocaram dúvidas e experiências.
Fernanda explicou que, ao perceber os benefícios de partilhar as dificuldadesno grupo, ela teve a ideia de unir as mães em Mato Grosso. Para isso, ela criou um grupo exclusivo para as mães que moram no estado.
“Muitas vezes, a gente se sente só e o grupo ameniza essa sensação, porque sempre tem uma mãe dando apoio à outra”, revelou.
Além das conversas por meio do WhatsApp, as mães e as crianças se reúnem em parques de Cuiabá para discutir as principais necessidades das crianças, os tratamentos oferecidos na rede pública e, especialmente as dificuldades enfrentadas.
Fernanda afirma que o objetivo do grupo 'Unidos pelo Amor', que também tem página no Facebook, é garantir que as crianças tenham a atenção necessária do poder público e que políticas possam dar suporte às ações sugeridas pelas mães.