Uma fotógrafa de Cuiabá está denunciando publicamente que foi alvo de racismo. Mirian Rosa, 32 anos, é difamada por um rapaz identificado como Rafael André, de Várzea Grande, mais conhecido como Rafael Zé. Ela recebeu um áudio, com gravação citando seu nome, pelo WhatsApp, em que é chamada de “criola maldita”, “mucama”, "carvão" e comparada a saco de lixo.
O arquivo foi postado no Facebook nesta terça (1º) por amigos da fotógrafa. O post tem uma montagem com foto de um homem, supostamente autor do áudio, e de Mirian. Além do preconceito de raça, o agressor também liga a situação de pobreza à escravidão. Na legenda do post do áudio em seu perfil, a fotógrafa diz que não conhece o autor das ofensas e que recebeu a mensagem de uma amiga. O boletim de ocorrência seria registrado na tarde hoje (2).
“Mirian, eu quero saber se você tem dono ou não. Porque é o seguinte, eu fui no mercado escravo no Porto e não achei nenhuma escrava com o seu valor. Qual é o seu valor? Eu quero comprar uma escrava, uma mucama para ser cozinheira, faxineira. Eu gosto de ver a criolada trabalhando pra mim. A única coisa que criolo sente na vida é ele no tronco e o chicote nas costas. Você pode tacar fogo, dar tiro, pode fazer o que quiser que ele não sente nada disso”.
O autor do áudio também faz referência à situação socioeconômica da fotógrafa e diz que a vítima faz não pertenceria a um provável “mundo” do agressor, pois “preto não é gente”. “Eu quero saber em que mundo você vive e desde quando preto é gente. Eu vou falar pra você quem é você na fila do açougue. E vou dizer pra você: pobre não tem lugar, por isso você nem entra na fila do açougue”.
A mensagem provocou revolta de pessoas no Facebook. Em apenas um post, o arquivo tinha mais de 300 compartilhamentos até às 16h20 de hoje, com reação de 300 usuários da rede social. No perfil da fotógrafa, o post foi visto por mais de 16 mil.
Ouça, abaixo, o áudio com conteúdo racista: