Uma criança de 07 anos morreu na quarta-feira (02.05), em Juína, após várias complicações e suspeita de H1N1. O pequeno Pedro Daniel passou mal na madrugada de sexta-feira para sábado, foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), atendido, medicado e liberado. Mas os sintomas de vômito e dores não cessaram e os pais da criança o encaminharam novamente para a UPA onde um exame de raio X constatou que o pulmão da criança estava contaminado.
O caso passou a ser considerado como “prioridade” pela equipe médica e outros procedimentos foram realizados, como inalação, por exemplo. A suspeita inicial era de que se tratava de pneumonia, mas após atendimento com uma médica pediátrica da cidade os sintomas se agravaram e aumentaram as suspeitas de que a criança poderia estar com broncopneumonia, lepse severa (infecção generalizada) e até H1N1.
Vários exames foram feitos e devido à gravidade da situação, a criança foi encaminhada para a central de regulação em busca de vaga em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica, que não existe em Juína. Infelizmente a central não conseguiu no estado a vaga para a criança e a família teve que acionar o Ministério Público da Comarca de Juína que interveio obrigando o estado a fornecer a vaga para a criança.
Uma junção de esforços de várias autoridades, profissionais da saúde e até o Comando Regional da Polícia Militar se mobilizou em busca de conseguir a vaga no estado, já que a UTI convencional não é adaptada para atender crianças.
Todos correndo contra o tempo e um novo exame de raio X constatou que o pulmão do pequeno Pedro Daniel estava comprometido. Ele foi então enviado para a UTI de Juína, um paciente cedeu a vaga e adaptações foram feitas assim como novos exames, mas a criança não resistiu e na tarde de quarta-feira veio a falecer.
Representando a família, Jeferson Silva do Nascimento, irmão da criança, desabafou: “Como pode Juína, uma cidade polo, não ter uma UTI pediátrica? Pedimos mais atenção do governador e de todos os deputados para trazer uma UTI para cá, uma vaga não adianta, tem que ter várias vagas. Juína nem mesmo tem máquina de hemodiálise para limpar o sangue, se tivesse essa máquina quem sabe o corpinho do meu irmão teria reagido até conseguir a vaga. E o que mais nos deixa revoltados é que a vaga na UTI surgiu após a morte dele. Porque depois que ele faleceu, 20 minutos depois, surgiu a vaga? A gente fica sem entender, estamos arrasados”, declarou emocionado.
Outro lado
A secretaria de saúde de Juína convocou a imprensa na tarde desta quinta-feira (03.05) para falar sobre o caso. De acordo com a secretária, Drª Leda Villaça, que acompanhou o caso, Juína não tem nenhum caso de H1N1 confirmado. “Na hora que eu tiver o resultado eu vou repassar, essa criança foi a óbito por pneumonia, complicou para infecção generalizada e veio a óbito por conta disso, é o que dizem os médicos”, disse.
Questionada se ela teria acesso ao laudo da causa da morte da criança para negar que não foi N1N1, a secretária disse não ter conhecimento e que somente teve acesso ao atestado de óbito. “Então a hipótese de H1N1 está descartada?”, interrogou nossa reportagem. “Não, não está descartada, nós mandamos exames para análise e vamos ter o resultado, é a partir desse resultado que a gente vai saber”, respondeu a secretária.