Avaliada em cerca de R$ 202 mil, a obra de restauração da Escadaria do Beco Alto, entre as Ruas Pedro Celestino e Ricardo Franco, está parada há cerca de três meses e tem servido de refúgio para usuários de drogas e assaltantes, segundo moradores da região.
Esta é mais uma obra contemplada pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas, que começou pela Praça Senhor dos Passos e Praça Doutor Alberto Novis.
A reportagem esteve no local esta semana e constatou que a Prefeitura iniciou a demolição dos degraus, no entanto o entulho não foi retirado. Além disso, por causa do abandono, um matagal começou a tomar conta do espaço.
Joel Souza, que mora na Rua Pedro Celestino há 25 anos, diz que não vê o trabalho da equipe, que iniciou a obra em novembro de 2017.
“Não vejo [a Prefeitura] fazendo nada. Só demoliu [os degraus] e fechou tem mais de mês. Depois que destruiu, não foi aprovado pelo Iphan. Tá tudo parado”, apontou.
O prazo para a conclusão da obra estava previsto para final de fevereiro. Outro vizinho, que mora ao lado da escadaria há 18 anos, também está revoltado com a demora.
“Já era para terem feito e não fizeram. Já venceu o prazo. Estou muito descontente com a Prefeitura, com o prefeito. Tem famílias que moram aqui e estão mudando por causa disso. Eu não tenho muitas esperanças. Vai só maquiar, que é o que a Prefeitura faz”, lamentou o morador.
Apesar de tentarem fechar o Beco Alto com tapumes, algumas partes da madeira foram retiradas para permitir a passagem. Também foram encontrados diversos fios de energia queimados por usuários de droga para a retirada do cobre, que eles vendem para receptadores. A reportagem também se deparou com documentos pessoais jogados no chão, supostamente material que foi roubado.
“Isso é ruim porque mexeram em algo que estava quieto. Agora virou esconderijo para usuários de drogas. Piorou bastante a situação”, comparou Joel Souza.
O esgoto a céu aberto e o lixo também são problema. Nesses locais há muitas bactérias e insetos que transmitem doenças e infecções. Além disso, o cheiro de esgoto é muito intenso na região, causando incômodo.
“Tem que abrir a rua de novo. Tem que ficar aberto e limpo, porque não dá para ficar na situação que está agora”, afirmou Souza.
Já o barbeiro Eurides Gonçalves, que trabalha na Rua Engenheiro Ricardo Franco, logo abaixo da escadaria, acha positivas as ações do órgão público.
“Acho que vai retomar [a restauração], tenho esperanças. Esses problemas são normais. Isso convida mais os turistas a virem. Mas está melhorando, sim”, disse.
O outro lado
A Prefeitura informou que a obra está parada porque a execução foi dividida em quatro etapas, que seriam diagnóstico, prospecção, monitoramento e resgate previstos por parte da arqueologia.
Outra questão foi a descoberta do piso de quartzo branco, que obrigou a uma readequação no projeto. Por causa disso, a nova estrutura contará que ao menos dois degraus da escadaria fiquem visíveis ao público.
Devido à reestruturação do projeto, o orçamento também será reavaliado. Contudo, o órgão não revelou quanto já foi gasto.
A Prefeitura ainda anunciou que as obras serão retomadas em breve, porém sem uma data específica. O novo prazo de entrega está previsto para final de junho.
Já em relação à marginalização do espaço, a Prefeitura disse que a fiscalização é de responsabilidade do Governo do Estado, por meio da PM.