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Homem confessa à polícia ter xingado fotógrafa de 'crioula maldita' em Cuiabá e nega ser racista

Rafael André Janini foi interrogado pela Polícia Civil na tarde de terça-feira (8). Fotógrafa levou caso à polícia após receber áudios com ataques racistas em Cuiabá.

Data: Quarta-feira, 09/05/2018 14:17
Fonte: G1 MT

Rafael André Janini, apontado como o autor dos ataques racistas feitos à fotógrafa Mirian Rosa, de 32 anos, confessou à polícia ter gravado e enviado os áudios que circularam nas redes sociais, onde chama a vítima de "crioula maldita" e "mucama", entre outros xingamentos.

Rafael foi interrogado pelo delegado Cláudio Alvarez Santada, que é adjunto da Delegacia Especializada de Defesa da Mulher em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, na tarde de terça-feira (8).

Segundo o delegado, o rapaz alegou que mandou os áudios em legítima defesa, após ter supostamente discutido com a vítima.

 

"Ele confessou os fatos, até porque, diante dos áudios e da voz do suspeito, seria difícil negar. Em sua defesa, ele alega que havia discutido com a vítima em um momento anterior e que havia mandado os áudios em um grupo do WhatsApp para se defender", disse.

 

Conforme o delegado, o rapaz afirmou que estava de "cabeça quente" quando enviou os áudios e negou ser racista.

"Ele declara-se negro e, por isso, afirma que não é racista", disse o delegado.

De acordo com a polícia, o inquérito foi instaurado contra Rafael André pelos crimes de injúria racial e racismo e, ainda nesta quarta-feira (9), será tomado o depoimento da dona do celular usado pelo jovem para enviar os áudios, assim como de outras testemunhas do caso.

Ataques

 

A fotógrada Mírian Rosa registrou um boletim de ocorrência após receber os áudios com diversos xingamentos. Nas mensagens dirigidas à ela, o homem é agressivo e ofensivo.

 

“Desde quando preto é gente? Vou falar uma melhor: quem é você na fila do açougue? Eu vou responder para você: pobre não come carne. Então, nem na fila do açougue você entra, crioula maldita”, afirmou o homem, em um dos áudios.

 

Na época, a fotógrafa afirmou ao G1 que conheceu o autor das mensagens por meio de um grupo de amigos dela, em um bar, mas que não teve nenhum contato com ele depois dessa reunião. “Vi que ele ficou incomodado com a minha presença, mas no dia não passou disso”, contou.

Quando o caso veio à tona, Rafael chegou a negar a autoria dos ataques e disse que iria solicitar perícia dos áudios para provar a inocência.

Medida protetiva

 

No último dia 3, a Justiça de Mato Grosso concedeu medida protetiva para a fotógrafa, atendendo a um pedido formulado pelo Ministério Público Estadual (MPE).

Com a decisão, o suspeito de ser o autor do ataque deverá manter distância mínima de 500 metros da vítima e da família dela e foi proibido de manter contato com a vítima por meio telefônico, e-mail, mensagens de texto ou qualquer outro meio direto ou indireto.

O caso gerou polêmica e diversas manifestações em defesa da vítima nas redes sociais, inclusive de grupos organizados, como o Instituto Mulheres Negras de Mato Grosso (Imune), que divulgou uma carta aberta de repúdio ao ataque racista.