Cristiane Perossi, mãe da adolescente Rurye Perossi Youssef, de 16 anos, que foi assassinada em 17 de setembro de 2016 em Sinop, supostamente por um Policial Civil, irá passar mais um dia das mães sem ver uma conclusão no caso de sua filha. Ela descobriu que os responsáveis pela morte de Rurye foram três policiais civis. Após algumas postagens de Cristiane, e por insistência dela, a Corregedoria da Polícia Civil reabriu o inquérito. De acordo com a PJC, o caso já está em fase final.
Em maio de 2017 Cristiane fez uma postagem em seu perfil no Facebook pedindo que denunciassem quem seria o autor do assassinato de sua filha. Por causa disso, ela começou a receber várias mensagens de pessoas afirmando que o responsável seria um policial civil. No começo deste ano ela havia sido informada de que em breve receberia um relatório sobre as investigações, que foram reabertas pela Corregedoria em agosto de 2017, no entanto, ela afirma que não recebeu nenhum documento.
“Eu não recebi nada até agora, ainda não me deram nenhuma informação, a única coisa que eu sei é que já está esclarecido que foram três policiais, um deles se chama Weyber de Arruda, que foi quem atirou, e outro é Gilson André Cardoso de Alcântara, inclusive o Gol branco em que eles estavam era usado como viatura por esse Gilson, e o terceiro eu não sei quem é”.
Enquanto ainda recebia informações da Corregedoria, Cristiane foi informada de que Weyber trocou de armas dois meses após o assassinato de Rurye. Ele registrou um boletim de ocorrências alegando que foi roubado no show do Wesley Safadão.
O caso inicialmente foi investigado pelo delegado Carlos Eduardo Muniz, mas foi arquivado por falta de provas e enviado à Corregedoria. Apenas após a postagem de Cristiane, e pela insistência dela, é que o caso foi reaberto, agora sendo investigado pelo delegado corregedor Alcindo Rodrigues da Silva. Segundo a mãe, após suas postagens recebeu ameaças.
“Na verdade foi uma mensagem de alerta, falando que iriam dar fim em mim, que iriam me eliminar também, que não fizeram ainda porque estão com receio, isso depois das minhas postagens no começo do ano. Mas isso eu já passei para a Corregedoria e pedi para agilizarem isso, para pedir pelo menos a prisão preventiva dele, agora que recebi estas ameaças. Não sei o que se passa, porque não acontece nada com estes policiais, é isto que quero saber, porque esta proteção toda?”.
Cristiane afirma que já há algum tempo não recebe informações da Corregedoria sobre o caso. Ela tenta seguir a vida, já que possui outra filha, mas não desiste de buscar Justiça. Com tristeza, ela lembra que este é o segundo dia das mães que passa sem Rurye.
“Tenho outra filha ainda para cuidar sabe? E estas datas são difíceis, eu prefiro até esquecer que existe o dia das mães, porque qualquer data festiva para mim não tem mais sentido. O que eu quero é que seja feita a lei, que seja feita Justiça, porque eles já sabem que foram os policias, tem as informações sobre eles, porque ainda não foi feita a prisão? Eu não quero nada fora do que está previsto em lei”.
De acordo com a assessoria da Polícia Civil, o delegado corregedor Alcindo Rodrigues da Silva esteve em Sinop nesta última semana, entre os dias 7 e 9, e realizou mais de 20 oitivas. O caso segue em sigilo e já está em sua fase final, com autoria e motivação identificadas. Segundo a PJC o delegado aguarda apenas a conclusão dos laudos periciais para concluir o inquérito e só após sua finalização poderá ser divulgado.
O caso
De acordo com informações da Polícia, a garota estava conversando com um grupo de amigos no bairro Recanto Suíço quando três homens pararam num carro branco, um Gol, e efetuaram vários disparos.
A jovem foi atingida por dois tiros no pescoço e não resistiu aos ferimentos. Uma equipe do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU) chegou a ser acionada, mas ao chegar ao local constatou o óbito da jovem.
A menina era filha do dentista Reda Mohamed Yussef, um libanês naturalizado brasileiro, que morreu em 2012, vítima de um aneurisma cerebral. À época de sua morte as suspeitas eram de que as motivações para o crime seriam a herança do homem ou ciúmes. Ela foi assassinada a tiros na madrugada de um sábado, 17 de setembro, enquanto conversava com um grupo de amigos na porta de casa, no bairro Recanto Suíço.
As duas possibilidades, no entanto, nunca foram confirmadas por Carlos Eduardo, que, na ocasião, explicou não poder informar os rumos da apuração, para não prejudicar o andamento dos trabalhos.
O caso ganhou repercussão nacional em uma matéria transmitida pelo programa Cidade Alerta, da TV Record, apresentado por Marcelo Rezende. A narrativa mostra que Rurye havia se mudado de São Carlos, no interior de São Paulo, Sinop pouco mais de nove meses antes do crime.