Detentos de 15 das 55 unidades prisionais de Mato Grosso iniciaram hoje, uma paralisação em busca de “melhorias” nas unidades. Intitulada “Salve Geral”, a paralisação prevê que os detentos realizem greve de fome e suspendam a saída dos presídios até que tenham suas reivindicações atendidas pelo Governo do Estado.
O protesto esta sendo realizado na Penitenciária Central do Estado (PCE), Centro de Ressocialização de Cuiabá (CRC) e Penitenciária Feminina Ana Maria Couto May, além de unidades no interior do Estado.
Os detentos cobram melhorias no atendimento de saúde das unidades, com contratação de médicos e dentistas e aquisição de medicamentos. Eles pedem ainda alas específicas para tratamento médico de doenças contagiosas, como a tuberculose.
Também fazem parte da exigência dos presos mais oportunidades de trabalho e estudo dentro das unidades. Eles reclamam também da lotação carcerária, uma vez que cada cela tem capacidade para 8 reeducandos, porém abrigam mais de 40.
Os presos criticam ainda as “transferências irregulares” de reeducandos realizadas de forma “clandestina” para unidades distantes, bem como o isolamento praticado sem “qualquer justificativa plausível”.
O presidente do Sindicato dos Servidores Penitenciários do Estado de Mato Grosso (Sindspen), João Batista, confirmou a existência do protesto e ressaltou que, até o momento, a manifestação tem sido pacífica. “Mas estamos de olho. Os agentes já estão em alerta para qualquer contratempo que possa surgir”, ressaltou.
Neste primeiro dia de protesto, os presos se recusaram a receber o café da manhã e o almoço fornecidos pelo Estado. A previsão é que o protesto dure até a assinatura de documentos, entre a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, Tribunal de Justiça e Ordem dos Advogados do Brasil, que garantam o atendimento das reivindicações apontadas.
Outro lado
Por meio de nota, a Secretaria de Justiça e Direitos informou que serão contratados médicos para repor e ampliar o quadro de médicos nas maiores unidades do Sistema Penitenciário. Hoje, as unidades possuem equipes formadas por médico (clínico geral, ginecologista) enfermeiro, técnico de enfermagem, psicólogo, assistente social, odontólogo, auxiliar de saúde bucal, farmacêutico e nutricionista.
Nas demais unidades o atendimento é realizado na rede municipal. Quanto aos medicamentos, a secretaria informou que os detentos recebem os mesmos medicamentos disponibilizados à sociedade.
Já sobre o tratamento de tuberculose, a secretaria afirmou que todos os diagnosticados com a doença recebem diariamente a medicação e são tratados. Esclareceu ainda que nos primeiros quinze dias de tratamento é recomendado o isolamento para não haver proliferação da doença para os demais detentos e visitantes. Após esse período, os detentos podem ter o contato normal com qualquer pessoa.
Por fim, destacou que o protesto tem sido pacífico e que revistas e demais procedimentos de segurança estão sendo realizados normalmente nas unidades.