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Por falta de maca especial, paciente obeso morre à espera de transferência para UTI em Cuiabá

Ananias de Oliveira, de 45 anos, pesava 160 kg e Samu não tinha maca adequada para o transportá-lo para outra unidade de saúde. Durante a espera, ele sofreu três paradas cardíacas e morreu.

Data: Sexta-feira, 18/05/2018 17:13
Fonte: G1 MT

Um paciente morreu enquanto aguardava transferência para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na terça-feira (15), em Cuiabá. Segundo a família, Ananias de Oliveira, de 45 anos, teve três paradas cardíacas.

Como pesava 160 kg, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) não tinha maca que comportasse o peso dele e precisava de uma maca especial. Enquanto isso, ele sofreu três paradas cardíacas e morreu.

Em nota, a Secretaria de Saúde de Cuiabá informou que a ambulância da policlínica do Bairro Planalto, onde Ananias estava, não tem suporte avançado, por isso, não é usada para o transporte de pacientes em estado grave.

A pasta informou ainda que o Samu foi acionado, mas alegou que não conseguiria fazer o transporte do paciente, pois no momento não tinha maca do tamanho compatível, para que ele fosse transportado em segurança.

Já a Secretaria Estadual de Saúde (SES) diz, em nota, que o Samu não realiza o transporte de paciente de uma unidade de saúde para outra e que a primeira ligação feita ao serviço um familiar do paciente não deixou claro que se tratava de uma pessoa com obesidade mórbida.

Além disso, a secretaria disse que a médica da policlínica do Planalto pediu apoio do Samu para o transporte de um paciente para o Pronto Socorro de Cuiabá, alegando que a maca da ambulância do município não comportava o peso do paciente, por se tratar de uma pessoa com obesidade mórbida.

"A equipe do Samu se deslocou até à policlínica do Planalto para tentar ajudar no transporte, ao chegar ao local, constatou que a maca do Samu também não comportaria o peso do paciente e que se tratava da mesma pessoa que o Samu tentou atender no dia anterior. Ficando o paciente sob a responsabilidade da Policlínica do Planalto", diz trecho da nota.De acordo com o irmão de Ananias, ele passou mal na madrugada de terça-feira e, após ser levado à policlínica, foi diagnosticado com chikungunya.

"Ele teve três paradas, a médica que o atendeu na policlínica conseguiu reanimá-lo duas vezes, com massagens cardíacas, pois no local não havia aparelhos funcionando para realizar esse procedimento, mas na terceira vez ele não resistiu", disse Wilson de Oliveira.

Ele contou que o irmão dele precisava ser entubado e levado para uma UTI, mas continuou na policlínica, pois não tinha como transportá-lo para outra unidade de saúde.

“O Samu se recusou a levá-lo, pois não possuía estrutura suficiente para fazer o transporte. Acionamos o Corpo de Bombeiros, que se recusou a ajudar, e disseram que isso não é papel deles”, contou.

Ananias não resistiu a uma terceira parada cardíaca e morreu ainda na policlínica.

"Não culpamos a médica que o atendeu, pois ela tentou ajudá-lo. Culpamos o estado por não prestar o serviço como deveria. Se meu irmão tivesse sido transferido para uma UTI, ele não teria falecido”, avaliou.