O advogado Robson Medeiros é o proprietário da Fazenda São Lucas, em Colniza, (1.065 km a Noroeste) onde pessoas viviam em condição análoga a de escravo, dentre elas o senhor J.P.R, 57, deficiente físico e visual, que era obrigado a dormir perto do chiqueiro com ratos que roeram sua perna enquanto dormia. O nome do ex-sogro, também acusado no caso, é Lelui Antonio Pertile Bombarda. Ambos já têm passagem pela polícia por outros crimes e ainda não foram presos.
O resgate ocorreu na sexta (9), durante checagem da Polícia Judiciária Civil, por meio de denúncia na Central de Atendimento de Direitos Humanos.
Segundo o delegado que acompanha o caso, Edson Ricardo Pick, os envolvidos ainda não foram presos, uma vez que o delegado fez uma representação de prisão e aguarda decisão do juiz. Até lá ambos seguem soltos. “Caberá ao juiz decretar a prisão”, sustenta em entrevista ao .
Edson afirma ainda que ao todo, quatro pessoas foram resgatadas, sendo três da mesma família com uma menina de 13 anos. “Foi uma situação complicada. O deficiente tinha uma relação de 40 anos com o proprietário da fazenda. Mas as instalações onde viviam eram análogas ao trabalho escravo”, descreve.
O delegado pede a prisão temporária de seu ex-sogro, assim como pelo mandado de busca e apreensão em demais propriedades do suspeito, que há indícios de haver mais casos análogos à escravidão. O Ministério Público encaminhou o procedimento para Justiça Federal.
Ambos responderão pelos crimes de sequestro e cárcere privado, redução a condição análoga de escravo, maus tratos e constranger alguém com intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se da condição de superior hierárquico.
Saúde do deficiente
Após ser resgatado, o deficiente físico e visual foi encaminhado ao hospital municipal de Colniza, onde está sob os cuidados de médicos. O delegado evitou aprofundar sobre o estado de saúde do paciente. Apenas disse que ele tem acompanhamento de uma assistente social, que também faz levantamento para informar à família da vítima.
Caso
Após receberem a denúncia, os policiais da Delegacia de Colniza diligenciaram até a Fazenda São Lucas, de propriedade do advogado, na linha 36, km 09, sentido Guariba, onde encontraram o senhor J.P.R. , vivendo em um quarto com muito ratos e próximo ao chiqueiro. O local ainda funciona como depósito para armazenamento de produtos agropecuários, rações e ferramentas.
A vítima tem deficiência física e visual ocasionadas por acidentes de trabalho nas fazendas do acusado. O funcionário, que nunca teve carteira assinada e recebia apenas moradia e comida pelos trabalhos prestados, ficou cego do olho esquerdo devido um acidente de trânsito em 2015 e amputou uma perna em razão de ferimento ocasionado quando apagava um incêndio na propriedade.
O senhor ainda é portador de Hanseníase e não sente dores no corpo. Há cerca de quatro meses os ratos que convivem no quarto roeram a perna da vítima enquanto ela dormia, e ao levantar percebeu as poças de sangue no colchão. Devido às deficiências, o lavrador não consegue fazer a sua comida e espera que outros funcionários da fazenda levem refeição para ele.
Outros crimes
Essa não é a primeira vez que ambos são presos pela Polícia Civil. Em 2014, agentes deflagraram a operação A Grande Família, na qual prenderam Robson por porte ilegal de arma de fogo, e Lelui por favorecimento a prostituição infantil e porte ilegal de arma de fogo. Robson foi liberado após o pagamento de fiança.