O governador Pedro Taques debateu, esta manhã, com os presidentes do Tribunal de Justiça, Rui Ramos, e da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho, os efeitos na administração pública e na economia de Mato Grosso com o bloqueio de cargas feito por caminhoneiros, que hoje entrou no oitavo dia. O comitê de gerenciamento de crise vem buscando ações para evitar o agravamento do desabastecimento. “Tivemos um apanhado da situação de ontem até agora e segundo informações das agências e segurança, não se alterou o quadro, mesmo em razão das determinações que foram tomadas em Brasília. Até este instante, a situação ainda é a mesma. Daqui até às 17h temos grupos de trabalho (criados desde ontem) nas áreas: saúde, combustíveis, abastecimentos de alimentos”, explicou Taques.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) está dando todo o suporte na questão de segurança nas rodovias, ainda está trabalhando na escolta de combustíveis para abastecer as principais cidades do estado. A PRF informou o governador que ainda não houve o fim da grave porque a demanda dos caminhoneiros autônomos ainda foi atendida.
O governador também ouviu o setor de combustíveis, participaram representantes das 3 maiores distribuidoras no setor. Eles destacaram que há carretas carregadas paradas nas rodovias, mas necessitam de escolta para fazer esse abastecimento. Juntas as três bandeiras representam 90% do combustível consumido em Mato Grosso. Não foi anunciado se a PRF quando e para quais cidades a PRF fará escoltas das cargas até os postos. Dezenas de municípios estão sem gasolina, álcool e diesel.
O diretor executivo do Sindalcool, Jorge dos Santos, disse que por carência de óleo diesel, que movimenta o transporte da cana, a maioria das plantas está paralisada por não tem a matéria-prima para a produção. “Também não estamos conseguindo mandar o combustível para os postos. Com as ações definidas aqui no gabinete de crise, a partir de hoje devemos escoltar os caminhões de combustíveis para os postos. Tendo em vista que todos os pedidos da categoria foram atendidos pelo governo federal, a expectativa é que agora tudo volte ao normal, o que deve levar de dois a três dias após a finalização da paralisação. Em Mato Grosso, temos onze usinas, que produzem cerca de 150 milhões de litros de etanol ao mês”, completou.
Outra questão que preocupa o Estado é quanto aos animais, o governo elaborou um adesivo que será fixado nos caminhões que transportam animais para o abate e/ou rações. O adesivo destaca a importância da carga e evitará o desabastecimento. “Vamos tentar convencer, individualmente, os caminhoneiros e empresas que são responsáveis pelas rações e cargas vivas a usarem esse adesivo e abastecer as granjas de aves e suínos, com escolta das forças policiais. Isso já começa a partir de hoje. Não temos notificação de morte de suínos por falta de alimentação. No caso das aves sim. Não por falta de alimentação, mas porque elas não estão saindo das granjas para abate. Então acabam morrendo por falta de espaço e pelo calor”, pontuou.
Outra preocupação elencada foi com o gás de cozinha, as forças de segurança do estado, também a PRF e o Exército, vão fazer a escolta do produto para garantir o abastecimento. Também participaram desta reunião os representantes dos serviços essenciais. Na telefonia, são 350 veículos e a maioria já está sem combustível, os serviços de atendimentos do setor público foram priorizados.
Na saúde, a equipe da secretaria estadual de Saúde decidiu interromper as cirurgias eletivas. Só serão feitas as emergenciais pelos próximos dois dias. As 10 ambulâncias do Samu precisam de 300 litros de abastecimento, ainda nessa questão, não houve problema registrado quando ao TFD (Tratamento Fora do Domicílio) e no serviço de UTI aérea.
“Nossa maior preocupação é com a saúde. Estamos em contato com as secretarias municipais de saúde do estado todo, para garantir sangue no Hemocentro, soro, e outros insumos nas unidades de saúde. Ontem (27), por exemplo, faltou gás no Hospital Regional de Sorriso e um trabalho em conjunto do Gabinete de crise conseguiu sanar esse problema na madrugada”, disse Pedro Taques.
O presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Rui Ramos, disse que as desigualdades do estado levaram o Judiciário a manter apenas os serviços de plantão. Segundo ele, o Judiciário do Brasil todo está empenhado no fim da crise e na correção de rumos.
Hoje não há expediente no governo e judiciário. Também não há aulas nas escolas estaduais, UFMT e Unemat. Os chefes dos dos três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) em Mato Grosso vão definir em conjunto a decretação de ponto facultativo amanhã e quarta-feira. Na quinta-feira (31) já é feriado nacional (Corpus Christi) e na sexta-feira será ponto facultativo.
O governador aproveitou a reunião para tranquilizar a população e disse que a segurança está funcionando 100%, todas as viaturas estão funcionando. “Chamamos os concessionários de telefonia, de energia e água dos principais municípios, pois elas também precisam de diesel para funcionar. Acredito que a melhor solução seja o diálogo. A Constituição defende o direito de manifestação, mas precisamos nos preocupar, em primeiro lugar, com a população e é pra isso que este Gabinete foi formado”, disse.
O governador avaliou um panorama da situação em Mato Grosso, o índice de criminalidade diminuiu e não houve homicídios em Cuiabá e Várzea Grande. O secretário de Estado de Segurança Pública, Gustavo Garcia, informou que a segurança está imbuída em garantir os serviços essenciais para a população. A informação é do Gabinete de Comunicação.