Os deputados federais Ságuas Moraes (PT) e Valtenir Pereira (MDB) já assinaram o requerimento para criação de CPI com o objetivo de investigar a venda de "proteção" em delações premiadas por parte de advogados e delatores. As assinaturas estão sendo coletadas pelo líder do PT na Câmara dos Deputados, Paulo Pimenta (PT-RS), que pretende protocolar o pedido na semana que vem.

Já o deputado federal Nilson Leitão, líder do PSDB na Câmara se posiciona contrário a CPI das Delações e não pretende assinar o requerimento. No entanto, afirma que a bancada será consultada na próxima terça (5) para tomada de decisão em conjunto.

Para Ságuas, a CPI precisa investigar o que classifica de “indústria das delações”. Segundo ele, existem suspeitas que delatores e advogados estão lucrando com os acordos de colaboração.

“A informação é que um advogado cobra taxa de proteção para evitar que determinadas pessoas sejam protegidas em delações. Ainda tem o caso de figuras como o doleiro Alberto Yousseff, que fez delação premiada e recebeu benefícios legais, mas voltou a cometer ilícitos”, disse o petista.

Valtenir avalia CPI será importante para dirimir algumas dúvidas sobre as delações premiadas, evitando os vazamentos seletivos e o uso político de informações. Ainda assim, reafirma a importância para o combate ao crime organizado.

“A delação premiada é importante para o combate a corrupção no Brasil, mas é preciso estabelecer uma metodologia clara para coibir eventuais abusos. A CPI será importante para debater o assunto e fazer os apontamentos necessários”, acredita Valtenir.

Leitão acredita que o PT está usando o requerimento da CPI para fazer agitação política com objetivo de desacreditar as delações premiadas e a própria Lava Jato. Mesmo assim, defende que o assunto seja analisado com critério pelos tucanos.

“A princípio não vou assinar para não dar palanque para o PT. Como líder do PSDB, preciso submete a decisão à bancada. Acredito que a maioria dos deputados tucanos tem o mesmo posicionamento e não assinarão o requerimento”, concluiu.

Os demais integrantes da bancada de Mato Grosso ainda estão avaliando se assinam ou não o requerimento. São eles, Fabio Garcia (DEM), Adilton Sachetti (PRB), Ezequiel Fonseca (PP), Victório Galli (PSL) e Carlos Bezerra (MDB), que está licenciado.

CPI das Delações

Os pontos de partida da investigação serão as delações dos doleiros Vinícius Claret, o Juca Bala, e Cláudio de Souza, integrantes do esquema comandado por Dario Messer, chamado de "doleiro de todos os doleiros". Nas delações, reveladas pelo jornal O Estado de S. Paulo, eles acusam o advogado Antonio Figueiredo Basto, um dos maiores especialistas do País em colaborações premiadas, de cobrar uma "taxa de proteção" de US$ 50 mil mensais (cerca de R$ 185 mil) de outros integrantes do esquema entre 2005 e 2013.

O dinheiro, segundo pessoas que acompanham o caso, seria para proteger outros participantes de futuras delações. Em 2004, Basto intermediou a colaboração do doleiro Alberto Youssef no caso Banestado. Homologada pelo juiz Sérgio Moro, foi a primeira delação premiada do Brasil nos moldes atuais. Basto nega a acusação. (Com informações da Agência Estado)