A família e os amigos de Ananias de Oliveira, de 45 anos, que morreu enquanto esperava por uma maca especial para ser transferido para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), se reuniram para fazer macas especiais para obesos e doar ao Serviço de Antedimento Móvel de Urgência (Samu) e ao Corpo de Bombeiros.
Ananias morreu na Policlínica do Bairro Planato, em Cuiabá, no dia 15 de maio.
De acordo com o irmão dele, Sebastião de Oliveira, as macas serão confeccionadas por meio de parcerias.
“Sou dono de uma serralheria e temos o material. Mas precisamos de parceiros para elaborar melhor o projeto. O que aconteceu com meu irmão pode acontecer com qualquer pessoa e não queremos isso”, explicou.
Conforme o irmão do paciente, as macas que serão feitas devem ser doadas ao Sistema Público de Saúde (SUS) para que, segundo ele, outras famílias não passem pela mesma situação.
Ananias estava na Policlínica do Bairro Planalto e precisava ser transferido para uma UTI. Como pesava 160 kg, o Samu não tinha maca que comportasse o peso dele e precisava de uma maca especial.
Segundo o Sebastião, o Samu informou que não tinha suporte o suficiente para transferir Ananias até a UTI.
“O Samu simplesmente foi embora e eu escutei a médica dizendo: 'Vão deixar o paciente entrar em óbito? Não vão levá-lo?'”, contou.
De acordo com o irmão de Ananias, ele passou mal na madrugada do dia 15 e, após ser levado à policlínica, foi diagnosticado com chikungunya.
O paciente teve três paradas cardíacas, foi reanimado duas vezes com massagens cardíacas, mas não resistiu a terceira parada e morreu.
Em nota, a Secretaria de Saúde de Cuiabá informou que a ambulância da policlínica, onde Ananias estava, não tem suporte avançado, por isso, não é usada para o transporte de pacientes em estado grave.
A pasta informou ainda que o Samu foi acionado, mas alegou que não conseguiria fazer o transporte do paciente, pois no momento não tinha maca do tamanho compatível, para que ele fosse transportado em segurança.
Já a Secretaria Estadual de Saúde (SES) diz, em nota, que o Samu não realiza o transporte de paciente de uma unidade de saúde para outra e que a primeira ligação feita ao serviço um familiar do paciente não deixou claro que se tratava de uma pessoa com obesidade mórbida.
Além disso, a secretaria disse que a médica da policlínica do Planalto pediu apoio do Samu para o transporte de um paciente para o Pronto Socorro de Cuiabá, alegando que a maca da ambulância do município não comportava o peso do paciente, por se tratar de uma pessoa com obesidade mórbida.
"A equipe do Samu se deslocou até a policlínica do Planalto para tentar ajudar no transporte, ao chegar ao local, constatou que a maca do Samu também não comportaria o peso do paciente e que se tratava da mesma pessoa que o Samu tntou atender no dia anterior. Ficando o paciente sob a responsabilidade da Policlínica do Planalto", diz trecho da nota.