Em setembro de 2017, duas irmãs cuiabanas viveram momentos de tensão com a passagem do furacão “Irma”, pela Ilha de Tortola, uma das chamadas Ilhas Virgens Britânicas, no Caribe. Na ocasião, elas perderam praticamente tudo. Cerca de um ano depois, seguem reconstruindo suas vidas e histórias, com uma delas morando novamente em Cuiabá e a outra na ilha, que já se prepara para a chegada de mais uma temporada de vendavais.
Há seis anos, Sara Bandeira Joseph, 24 anos, deixou a capital mato-grossense para morar em Tortola, onde atualmente vive com o filho Bryan, 2 anos, e o marido, o britânico Marvin Joseph. Por ocasião da passagem do furacão, a irmã, Samara Bandeira, passava uma temporada na ilha.
Antes da chegada do “Irma”, elas foram avisadas com antecedência pelas autoridades locais e, com isso, a família se abrigou em um hotel, com estrutura para enfrentar um furacão como o Irma, apontado como o primeiro da história a ter ventos de cerca de 297 km/h por mais de 24 horas e com a classificação máxima 5 na escola Saffir-Simpson. A casa em que elas moravam foi completamente destruída.
Sara e Samara passaram uma semana ilhadas até a chegada do socorro. Após, elas foram resgatadas por um piloto que seguia de helicóptero para Miami, nos Estados Unidos (EUA), que pousou na ilha para ajudar os desabrigados. Do lugar, a família foi de helicóptero até Porto Rico, onde pegou um voo para o Panamá e, depois, outro para o Brasil.
No dia 13 de setembro de 2017, as irmãs cuiabanas e o garoto desembarcaram no Aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande, onde foram recebidos pelos pais das duas, que são pastores no Bairro Novo Milênio, na região do CPA. Após seis meses, Sara retornou com o filho para Tortola, onde o marido ficou para ajudar a socorrer os demais desabrigados. Já Samara permaneceu na capital para realizar seu objetivo de cursar fisioterapia.
Agora, no fim deste mês, Sara e o filho retornam à capital mato-grossense. A vinda deles coincide com o início da temporada de vendavais na ilha caribenha. Porém, ela explica que o motivo de sua vinda é facilitar e diminuir os gastos com a reconstrução da casa que moravam e que foi destruída pelo “Irma”.
“Nós, temos o plano de iniciar uma nova construção, mas isso aqui leva um pouco mais de tempo por que tem muita burocracia justamente devido a esses desastres naturais, como furação, terremoto e tsunami. Aqui é tudo mais rígido e leva mais tempo. Nosso plano já foi aprovado e, se Deus quiser, em breve, vamos dar início ao nosso projeto”.
Sara lembra que durante a passagem do furacão precisou ficar na casa dos pais por seis meses devido à dificuldade de achar um apartamento na ilha. “Muitos prédios foram destruídos, ficaram sem janelas, portas e telhados. Até hoje, há uma dificuldade muito grande para poder achar um apartamento para morar e quando uma pessoa encontra chegam a dizer que ela tem muita sorte”, comentou.
Apesar disso, segundo a jovem, parte das construções já foi reerguida. “Muitos lugares no centro da ilha já foram reconstruídos. O problema é a economia (do lugar), que foi bastante abalada uma vez que muitos lugares foram afetados e fechados. Como o turismo diminuiu, algumas empresas acabaram despedindo empregados e muitas pessoas tiveram que sair da ilha, não por que queriam, mas por que ficaram sem emprego. Graças a Deus nós temos a nossa empresa”, destacou.
Ainda assim, a ilha se preparada para mais uma temporada de vendavais. “As pessoas estão um pouco assustadas por que estão prevendo que nesse ano podem ocorrer furacões como em 2017. Mas, furacão na ilha é normal. As pessoas ficam preparadas, podemos dizer assim”, comentou. “Eu mesma já passei por furacões aqui, mas nas categorias mais fracas. O Irma foi na categoria 5, o maior que já existiu. Então, as pessoas estão esperando e com fé de que não seja como o ‘Irma’. Que não vá acontecer outro desastre como o de setembro de 2017”, completou.
Por lá, a passagem do “Irma” foi vista como uma oportunidade de recomeçar. Após a pior temporada de furacões de todos os tempos, 2018 deverá manter o padrão de 2017, segundo os pesquisadores, que citam o “El Niño” como o fator principal dessas mudanças climáticas.