Uma recém-nascida indígena sobreviveu após ficar cerca de seis horas enterrada na cidade de Canarana, no Mato Grosso (MT), em um caso que ainda está sendo investigado.
As primeiras informações dão conta de que mãe da bebê indígena, de 15 anos, imaginou que a criança tivesse nascido sem vida. Ela deu à luz no banheiro da casa, por volta do meio-dia da última terça-feira (5).
Segundo familiares, a bebê bateu a cabeça no chão e não teve reação alguma após o nascimento. Por esta razão, seguindo suas tradições, a menina foi enterrada no quintal de casa.
Os policiais calculam que a criança ficou enterrada entre as 14h e 20h de terça-feira em uma cova de 50 centímetros de profundidade. Ao começarem a escavar, os policiais se surpreenderam.
“Quando o policial começou a escavação, podíamos ouvir um choro bem pequeno, embaixo da terra. Vimos que a criança estava viva, a tiramos dali e levamos para o hospital”, disse o comandante da Polícia Militar em Canarana, João Paulo Bezerra do Nascimento.
“Ela foi enterrada por volta de duas horas da tarde e fomos acionados já no período da noite. Foi um lapso temporal muito grande. Já tinha acabado com qualquer esperança de encontrá-la viva”, declarou Nascimento.
“Foi como um milagre, ninguém acreditava que essa criança pudesse estar viva e acabou emocionando a todos ali”, concluiu.
A bebê indígena tem um quadro de infecção e insuficiência respiratória e está internada desde a noite de quara-feira (6) em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal.
De acordo com o médico Ulisses do Prado, a criança pesa 2,420 gramas e o quadro de saúde, apesar de ser grave, é estável. A menina apresentou sangramento e passou por exames.
O médico diz que nunca tinha presenciado uma situação de uma pessoa sobreviver, sem sequelas, depois de tanto tempo sem oxigênio.
“Com certeza tem um propósito divino para que isso acontecesse com essa indígena. É o primeiro caso que vejo, cientificamente, sobre isso. Existem relatos de pacientes que passaram alguns minutos sem oxigênio e que tiveram sequelas. Mas, diante de todo esse tempo que ela ficou sem oxigênio e em um ambiente inóspito, isso pode trazer sequelas graves”, disse o médico.
A bisavó da criança, Kutsamin Kamayura, de 57 anos, está presa. Em depoimento, ela alegou que a criança não chorou e, por isso, acreditou que estivesse morta.
Kutsamin Kamayura teve a prisão convertida em preventiva. Na decisão, o juiz Darwin de Souza Pontes, da 1ª Vara de Canarana, a ordem pública como motivo para determinar a prisão preventiva de Kutsamin. Ela deve responder por tentativa de homicídio.
Momento do resgate https://www.youtube.com/watch?time_continue=13&v=4HUVgiEqiW0