Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi (PP) vai precisar depor na Polícia Federal nos próximos dias. O progressista terá que falar sobre um suposto repasse indevido de R$ 12 milhões que teria sido feito pela Odebrecht para sua campanha à reeleição ao governo do Estado em 2006. O depoimento estava previsto para abril, porém, o próprio ministro solicitou que fosse adiado para junho, sob o argumento de que tinha diversas viagens internacionais agendadas.
No inquérito, o Ministério Público Federal (MPF) afirma que o dinheiro repassado pela Odebrecht serviu para a campanha em forma de caixa 2. A investigação teve início com as delações dos ex-executivos da Odebrech Antônio Pacífico Ferreira e Pedro Augusto Carneiro Leão Neto, que afirmaram terem repassado os R$ 12 milhões para Maggi.
“São relatados pagamentos na ordem de R$ 12 milhões a Blairo Maggi e R$ 400 mil a José Orcírio Miranda dos Santos, repasses implementados por meio do Setor de Operações Estruturadas do Grupo Odebrecht, sendo os beneficiários identificados no sistema ‘Drousys’ como ‘Caldo’ (ministro Blairo Maggi) e ‘Pescador’ (deputado Zeca do PT)’, diz o inquérito.
Os delatores também afirmam que houve compromisso com os dois governadores para que parte dos créditos fossem devolvidos a eles. “Havia compromisso, feito diretamente comigo. No Estado do MS, pelo governador e membros da Comissão, e pelo Estado de MT pelo governador Blairo Maggi. Não tinha nada amarrado em valores, mas foi imposta uma condição de pagamento a eles, vinculados aos repasses da União”, disse Pedro Augusto Carneiro Leão Neto em sua delação.
Ex-secretários do governo Maggi, Eder Moraes e Luiz Antônio Pagot já prestaram depoimento sobre o caso. Eles são acusado de intermediar a cobrança e recebimento da propina. Tanto Blairo, como Eder e Pagot, negam as acusações. No início de maio a procuradora-geral da República (PGR), Raquel Dodge, solicitou ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, que desse “baixa dos autos à Polícia Federal para o encerramento das investigações”, dando prazo de 60 dias para isso.
Sobre a decisão de as investigações ficarem no STF ou serem remetidas instância inferior da Justiça, Dodge solicitou que Fachin aguardasse o julgamento da questão de ordem de Maggi em outro inquérito. “Tendo em vista que o tema (alcance da decisão para Ministro de Estado) foi objeto de recente questão de ordem no Inq 4703, prudente que a investigação permaneça na Corte Constitucional até sua solução”.