O Sindicato dos Peritos Oficiais Criminais de Mato Grosso (Sindpeco) denunciou uma empresa de perícia e consultoria por plágio em um parecer técnico sobre a velocidade do veículo que atropelou e matou o verdureiro Francisco Lúcio Maia, de 48 anos, em Cuiabá, em abril deste ano. O carro era conduzido pela médica Letícia Bortolini, de 37 anos, que fugiu do local.
O parecer é assinado pela empresa Forens Lab. Ao G1, o perito Thyago Jorge, representante da empresa negou o plágio e afirmou que a metodologia usado é muito utilizada no meio e, por isso, a semelhança foi apontada.
O segundo documento foi solicitado pelo delegado Christian Cabral, da Delegacia Especializada de Delitos de Trânsito (Deletran), após a divulgação do laudo da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) apontar uma velocidade de dano de 30 km/h.
O novo documento, por sua vez apontou velocidade de 95 km/h no momento do acidente. O G1 tentou contato com o delegado, mas as ligações não foram atendidas.
Segundo o sindicato, a empresa plagiou um laudo emitido pela Politec em 2014 sobre um atropelamento registrado no município de Sapezal, a 473 km de Cuiabá.
A suposta fraude foi detectada depois que o perito, responsável à época pelo documento, teve acesso ao parecer e reconheceu as semelhanças.
Na coletiva, os peritos usaram projeções e compararam 11 trechos do laudo deste acidente com o parecer feito pela Forens Lab.
As projeções mostram partes que são idênticas nos dois documentos. As semelhanças aparecem também em imagens, fórmulas e variáveis utilizadas nos dois documentos.
“Você pode se basear, usar como bibliografia, mas a cópias são integrais, de ponto e vírgula. Quando você tem dois locais de crime eles nunca são iguais, é impossível. O texto ser o mesmo, as medidas, o ângulo é praticamente impossível”, afirmou o vice-presidente do Sindpeco Alisson Trindade.
Ainda segundo o sindicato, os dois documentos sobre o acidente em Cuiabá tratam de coisas diferentes. Enquanto o laudo da Politec é baseado no local de crime e nas variáveis encontradas ali como, por exemplo, marcas de frenagem, o parecer é baseado nas imagens de câmera de monitoramento entregues à polícia.
“Vale salientar que estamos a favor da verdade. Não estamos do lado de ninguém. Nosso compromisso é com a verdade", completou Alisson.
A categoria deve acionar a empresa e o perito responável pelo parecer na Justiça por plágio.
O acidente aconteceu no dia 14 de abril, na Avenida Miguel Sutil, em Cuiabá.
Letícia dirigia o carro na companhia do marido, que também é médico, quando atropelou Francisco, que empurrava um carrinho de verdurase terminava de atravessar a avenida para subir no canteiro.
Ele não resistiu ao impacto da batia e morreu no local.
Letícia foi detida momentos depois em um condomínio. Ela se recusou a fazer o teste do bafômetro, entretanto, segundo a polícia, estava com sinais de embriaguez.
A médica, porém, foi solta dias depois sob o argumento de que ela tem um filho com 1 ano de idade e que precisa dos cuidados dela.