Após ficar meses internadas em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da capital, uma adolescente, de 12 anos, carrega traumas físico e psicológicos após ser vítima de uma tentativa de homicídio registrada em Sorriso, em agosto do ano passado. A mãe adotiva da menina e o padrasto foram presos, nesta quinta-feira, acusados do crime.

Os suspeitos – cujos nomes não serão revelados para preservar a identidade da vítima – foram detidos pela Polícia Civil de Sorriso. O homem foi capturado em casa quando se preparava para sair enquanto a mulher, professora, foi presa na escola onde trabalha.

O delegado que esteve à frente das investigações desde o ano passado, André Ribeiro, relembrou que, na época, a mãe adotiva e o padrasto alegaram que a garota tinha tentado

Porém, assistentes sociais, enfermeiros e outros profissionais relataram desconfiança sobre a versão contada pela família à Promotoria de Justiça da Infância. Em outro momento, a criança, ainda internada em Cuiabá e sem condições de falar por conta dos ferimentos, teria “caído” da cama, quando estava acompanhada da mãe, fato que fortaleceu as suspeitas contra o casal.

Após isso, investigadores da Divisão Especializada de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) da delegacia de Sorriso ouviram diversas pessoas e hoje concluiu que o caso se trata de uma tentativa de homicídio.

“O padrasto tentou matá-la e a mãe adotiva participou de forma omissa. Na época, a mãe não quis acompanhar a filha ao hospital porque iria casar com o companheiro no dia seguinte. Ela foi conivente com o marido dela. Nós pegamos diversas provas, como filmagem da casa, no momento em que ele [padrasto] diz que a menina estava passando mal e depois de 40 minutos aciona pastores da igreja e somente duas horas depois acionou o Corpo de Bombeiros. Tudo isso são fatos que levam à nossa convicção de que o rapaz tentou matar e a mãe foi conivente”.

Acompanhada por psicólogos em Sorriso, em uma casa de apoio para menores desde fevereiro deste ano, somente em maio a vítima teve coragem para denunciar que no dia do crime teria mexido em uma caixa de DVDs do padrasto, e que ele não teria gostado. Por conta disso, apanhou e foi enforcada com o fio do ventilador.

“E isso seria a motivação. E a mãe acompanhava tudo na sala, cantando, enquanto o padrasto tentava enforcar a menina. Ela [a vítima] falou o que aconteceu, mas com muito medo porque a mãe e o padrasto sempre batiam nela. Ela era obrigada a fazer as atividades de casa e não podia sair de casa”, contou o delegado.

Com uma deficiência no braço, decorrente das agressões sofridas pelo padrasto, a garota voltou a morar com o pai adotivo e continua sendo acompanhada por psicólogos.

Os suspeitos, de acordo com André Ribeiro, negam os fatos. “Porém, o padrasto já tem passagem por roubo e o irmão dele tem envolvimento com homicídio”.

A prisão preventiva dos suspeitos foi decretada pela comarca de Sorriso. Ambos devem responder por tentativa de homicídio.