A pastora Juliana Sales Alves sabia, segundo o Ministério Público do Espírito Santo, dos riscos que os filhos corriam por estarem sozinhos com o marido dela, o pastor Georgeval Alves, acusado de estuprar, agredir e queimar as crianças vivas dentro de casa.
Essa omissão é um dos motivos para a prisão dela, que aconteceu na madrugada desta quarta-feira (20), na casa de um amigo da família, em Minas Gerais.
Mais detalhes do caso serão divulgados em uma coletiva de imprensa, às 14h.
Juliana é mãe de Joaquim, de 3 anos, e de Kauã, de 6 anos. As crianças morreram carbonizadas dentro de casa, em Linhares, no dia 21 de abril.
O marido dela, o pastor George Alves, está preso desde o dia 28 de abril, mas a prisão dele era temporária.
Agora, o MP pediu a prisão preventiva de Juliana e de George Alves, por tempo indeterminado, pelos crimes de duplo homicídio, estupro de vulneráveis e fraude processual. George ainda vai responder pelo crime de tortura.
A advogada da pastora, Milena Freire, foi procurada pelo G1, e disse que a defesa da pastora não vai comentar a prisão.
O G1 também procurou o pai de Kauã, Rainy Butkovsky, e ele não quis se manifestar sobre a prisão de Juliana.
A Polícia Civil foi procurada para informar sobre a prisão da pastora e disse que o trabalho foi concluído e enviado ao Ministério Público no dia 29 de maio.
No dia 5 de junho, o Ministério Público tinha cobrado novas investigações para esclarecer detalhes em relação ao caso. Por causa do decreto do sigilo absoluto, o órgão não informou a motivação do pedido.
Três dias depois, a polícia enviou o inquérito novamente para o MP, que analisou o documento e decidiu pela prisão de Juliana.
O mandado de prisão por homicídio qualificado contra Juliana Sales Alves foi expedido pela Justiça de Linhares na segunda-feira (18).
De acordo com a polícia, Juliana estava escondida na casa de um pastor que é advogado da família.
No momento da prisão, ela estava com o filho de 1 ano e um mês. A criança foi encaminhada para o Conselho Tutelar.
Juliana foi levada para a delegacia de Teófilo Otoni e vai ser encaminhada para o presídio da cidade.
Ainda segundo a polícia, ela vai ser transferida para Linhares até o fim da tarde desta quarta-feira.
O crime aconteceu no dia 21 de abril. Inicialmente, o pastor George Alves, que é pai e padrasto dos meninos, disse que ele morreram em um incêndio que atingiu apenas o quarto onde as vítimas dormiam.
Mas, segundo a polícia, a versão dele não estava de acordo com os fatos apurados durante as investigações.
A Polícia Civil concluiu que o pastor George Alves matou o próprio filho, Joaquim Alves Salles de 3 anos, e o enteado Kauã Salles Butkovsky de 6 anos.
De acordo com as investigações, as crianças foram estupradas, agredidas e queimadas vivas.
No dia do incêndio, a mãe disse que estava em um congresso em Minas Gerais com o filho mais novo do casal.
No enterro dos filhos, ela estava acompanhada de parentes e da polícia, já que tinha solicitado escolta por segurança.