Cadeirante é um indivíduo que faz uso constante de uma cadeira de rodas para a sua locomoção. O desenvolvimento das tecnologias trouxe melhoria na qualidade de vida desse indivíduo. O cadeirante tem a capacidade de desempenhar boa parte das tarefas diárias de uma pessoa normal, como trabalhar, praticar esportes e até dirigir. Até aqui tudo bem, certo?

Mas em Juara isto tudo tem se transformado em um dilema para os cadeirantes, conforme o desabafo de José Luiz, Ele conversou com o jornalista Paulo Becker, do Grupo Amplitude de Comunicação, sobre as dificuldades encontradas nas ruas e avenidas da cidade.

José Luiz sofreu um acidente de trabalho em 2002, quando era motorista de caminhão de uma madeireira do município, uma tora se desprendeu da carroceria e lhe atingiu em cheio pela coluna, ficando embaixo do pau. “Recebi toda a assistência dos meus patrões, nisso não posso reclamar. Hoje sou aposentado e minha vida é nesta cadeira de  rodas” contou.

Os maiores obstáculos, de acordo com José Luiz são a falta de estrutura da cidade para facilitar a vida de quem usa a cadeira de rodas. Calçadas que não tem rebaixamento, lojas que não oferecem condições para chegar, a falta de assistência técnica para as cadeiras, peças de reposição que não há em Juara.

“Esta minha, por exemplo, tem um pneu que está rasgado, ele é de borracha maciça e pode me deixar na mão a qualquer instante. Ando com muito cuidado pra não estragar mais. Outro problema é quando vou ao banco receber a aposentadoria, a cadeira  quase sempre empina e eu preciso do auxílio das pessoas. Claro que fizeram alguma adaptação nas calçadas e na rede bancária, mas nunca chamaram os cadeirantes para saber o que nós precisamos e como tem que ser” reclama José Luiz.

José Luiz tem que ir para a rua quase todos os dias, pois é ele quem tem que comprar os remédios para o pai de 82 e para a esposa que também é doente e não podem caminhar e convive com o perigo desde o momento que sai de casa. “Moro no Bairro Jardim Paranaguá e a situação é complicada, enorme valetas se formaram em frente a minha casa, os buracos nas ruas e avenidas atrapalham a cadeira. Já cai dela algumas vezes por não ter como atravessar uma avenida de um lado ara outro, por causa dos buracos” declara.

Ele termina o relato dando um conselho para a engenharia: “Os construtores deveriam fazer um curso específico para aprender todos os detalhes que dificultam ou que facilitam o acesso e a independência de um cadeirante em todos os lugares. Juara está devendo isso, não só para os cadeirantes, mas para todos os deficientes físicos” cobra José Luiz.