Seja bem-vindo ao portal: Amplitude News

NOTÍCIAS

Guarantã: Guarantã registra aumento de 70% de roubos de 2013 a 2017

Data: Quinta-feira, 28/06/2018 09:23
Fonte: GAZETA DIGITAL

Dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) apontam para um aumento na criminalidade nas regiões do interior nos últimos 5 anos, de 2013 a 2017. Em alguns locais, os crescimentos superam 100%. O aumento também repete nos 5 primeiros meses deste ano em comparação com 2017.

Os números são referentes as 15 Regiões Integradas de Segurança Pública (Risp), divisão feita pela Sesp para monitorar os trabalhos de cada região. Das regiões, 10 apresentaram aumento de furtos, 7 de homicídios e em 13 os roubos cresceram. Comparando os 5 primeiros meses de 2017 com 2018, as mortes apresentaram crescimento em 7 Risp, os roubos em 8 e os furtos em 5.

Entre as Risp, a de Nova Mutum (264 km ao Norte) é a que mais apresenta crescimento dos crimes. Ela abrange as cidades de Alto Paraguai, Arenápolis, Nortelândia, Nova Marilândia, Diamantino, Lucas do Rio Verde, São José do Rio Claro, Tapurah e Santo Afonso. Nesta microrregião os homicídios aumentaram 192%, saindo de 25 em 2013 para 73 em 2017. Os 5 primeiros meses do ano já apresentaram aumento de 34% neste tipo de crime, comparando com mesmo período do ano passado.

Entre 2013 e 2017 a região teve ainda acréscimo de 25% nos furtos e 162% nos roubos.

As Risp são divididas em Cuiabá, Várzea Grande, Sinop, Rondonópolis, Barra do Garças, Cáceres, Tangará da Serra, Juína, Alta Floresta, Vila Rica, Primavera do Leste, Pontes e Lacerda, Água Boa, Nova Mutum e Guarantã do Norte. Cada região fica responsável por, pelo menos, 6 municípios circunvizinhos.

No caso dos homicídios, chamam atenção, além de Nova Mutum, o crescimento entre 2013 a 2017 em Sinop que passou de 93 para 134 (44%). Água Boa de 22 para 29 (31%) e Vila Rica que saiu de 26 para 48 (84%).

Nos 5 primeiros meses do ano este crime aumentou 55% em Várzea Grande, 50% em Barra do Garças e 33% em Primavera do Leste.

Já os roubos aumentaram de 2013 a 2017 em 59% em Sinop, 66% em Tangará da Serra, 70% em Guarantã do Norte e 103% em Alta Floresta. Neste período os furtos aumentaram em 29% em Vila Rica, 15% em Alta Floresta e 36% em Cáceres.

Nos 5 primeiros meses deste ano, as cidades com maiores aumentos de roubos são Barra do Garças (82%), Água Boa (123%) e Vila Rica (125%). Já o crescimento dos furtos foram maiores em Pontes e Lacerda (19%), Vila Rica (22%) e Barra do Garças (23%).

Para o delegado regional de Sinop, Sérgio Ribeiro Araújo, a maioria dos crimes naquela região, em especial os de homicídios, tem como vítimas ou suspeitos pessoas com ligação com a criminalidade. “O número de trabalhadores e pessoas de família mortas é muito pequeno. A maioria das vítimas e suspeitos tem ligações criminais”, destaca.

Para o delegado, a contenção da criminalidade depende também de outros agentes. Ele ressalta que a polícia tem sido eficiente e dado respostas, mas o sistema como um todo é falho. “Vemos que em muitos casos os criminosos são reincidentes. Eles são colocados em liberdade por falta de vagas no sistema prisional, por leis brandas e por um sistema jurídico falho. Se não diminuir a criminalidade, fica difícil conter a criminalidade”, reforça.

Sem condições

Um aumento de efetivo policial que não acompanha o aumento populacional, esse é um dos problemas citados por Edleusa Mesquita, presidente do Sindicato dos Investigadores de Polícia do Estado de Mato Grosso (Sindpol), para o crescimento da criminalidade, principalmente em municípios do interior. Para Edleusa, esse crescimento tem ocorrido de forma desordenada, no caso da Polícia Civil, seria um policial para cada 160 pessoas.

“O Estado não oferece estrutura nenhuma para, por exemplo, a Polícia Civil, que trabalha na parte investigativa de combate ao crime. O efetivo é muito pequeno principalmente no interior do Estado. Na ativa são 2.129 investigadores de polícia distribuídos em 126 municípios”, afirma.

A presidente do sindicato confirma ainda que em algumas cidades há delegacia que tem apenas um investigador trabalhando e este investigador acaba cuidando do prédio ao invés de estar investigando. “Não havendo agente para estar atuando na segurança pública tanto preventiva como investigativa, a tendência é a criminalidade aumentar. Um estudo de 2010 apontou que o efetivo ideal seria de 4 mil investigadores, hoje são necessários 6 mil”, diz.

Com a falta de resolutividade dos crimes, Edleusa enfatiza que a polícia perde a credibilidade. “Não adianta nada denunciar e não resolver o problema, aí as pessoas não denunciam porque acreditam que a polícia não vai resolver”, afirma.

Edleusa frisa que pela descrença da população na segurança pública, o número de crimes pode ser muito maior que o denunciado. “O governo precisa investir em políticas públicas tanto na parte social como operacional. Se não houver um olhar diferenciado para realizar uma administração e uma gestão na distribuição da efetividade dos servidores, realmente não vai ter resultado”, avalia.

Outro lado

Secretário de Estado de Segurança Pública, Gustavo Garcia diz que é necessária uma avaliação completa dos dados para chegar às causas dos aumentos. “O que podemos começar a fazer é verificar quais as medidas que podemos adotar para conter os índices de criminalidade. O trabalho de inteligência é fundamental para a contenção dos índices”, avalia.

Gustavo cita ainda que nos casos como Nova Mutum e Alta Floresta está sendo feito o monitoramento e foi reforçado o policiamento ostensivo. E ainda foi encaminhado um pedido para que a Polícia Civil intensifique as operações em relação aos crimes para que possa entender a motivação e se há algum fato extraordinário para o aumento das ocorrências.

Em todo o Estado, segundo o secretário, há uma redução de 6,22% nos crimes e 2017 foi um dos anos menos violento, saindo de 39 homicídios para cada 100 mil habitantes para 29 mortes para 100 mil.“Entendemos que muitos municípios, principalmente os mais populosos, estão com redução. Agora, alguns ajustes precisam ser feitos nos outros. Por isso, trabalhar com levantamento. Houve aumento, a gente aplica a resposta, o remédio, intensifica as ações, reforça as investigações para realmente dar uma resposta correta para o problema social que é a criminalidade”, afirma Gustavo Garcia.