O atleta Almir dos Santos Júnior, de 24 anos, já conquistou medalha de ouro no Meeting Indoor, em Madrid e, altamente, é vice-campeão Mundial Indoor e entrou no hall de grandes nomes do salto triplo no país após conquistar uma medalha de prata em Birmingham, na Inglaterra, em março deste ano. O mato-grossense é considerado revelação do atletismo brasileiro e obtêm marcas surpreendentes de 17,6cm, 17,37cm e 17,41m. Sua trajetória de sucesso no esporte começou em Peixoto de Azevedo (197 quilômetros de Sinop), em 2008. O primeiro treinador, Elves Pinho, disse que ele queria ser jogador de futebol, mas o talento para o atletismo era mais visível.
“Ele começou nas categorias de base. Participou do campeonato Vale do Teles Pires. Em 2009, precisava de um saltador em altura. Em pouco mais de um mês treinado, foi campeão Estadual. Desbancou os melhores do Estado na sua primeira competição. Já em 2010, estava em um nível muito alto em questões de resultados e surgiu a primeira Olimpíada da Juventude, em Singapura. Almir foi convocado pela Seleção Brasileira para fazer parte de um grupo de líderes de ranking, em Uberlândia (MG). Uma semana depois, o atual clube dele se interessou e entrou em contato para levá-lo. Após isso, a evolução dele foi muito grande. Hoje é reconhecido pelo talento e disciplina nos treinamentos. Tenho muito orgulho dele”, disse.
Almir mora em Porto Alegre (RS) e treina há mais de sete anos, no Sociedade de Ginástica de Porto Alegre (Sogipa). Ele disse, em entrevista, ao Só Notícias, que a mudança e adaptação ao frio da região sul não foi fácil.
“Eu queria ser jogador, mas o meu primeiro treinador plantou essa semente do atletismo. Devo muito do que sou ao Eleves. Tenho um carinho muito grande por ele. É um cara que trabalha de graça e faz de tudo para que as crianças continuem sonhando. Foi um espelho na minha vida e tenho uma admiração muito grande. Sai de Mato Grosso sem conhecer nada em Porto Alegre. Ficar distante dos meus pais, amigos e ter que se adaptar a cultura sulista foi complicado. A adaptação foi bem difícil e quando chegou o frio foi complicado. Nem roupa para esse tipo de clima tinha. Mas tinha um objetivo muito claro. Não queria retornar como um derrotado para Peixoto. Só retornaria quando tivesse conquistado o meu máximo. Isso me manteve nos momentos mais difíceis. Criei uma nova família e fui me adaptando”.
O vice-campeão indoor destacou que a falta de apoio ao esporte ainda é a grande barreira na formação de atletas em Mato Grosso. “Quando comecei em Peixoto, uma das dificuldades foi essa. Falta de estrutura para treino. Meus pais me apoiaram muito financeiramente e incentivaram para não desistir do meu sonho. Se não fossem eles, não teria conseguindo me manter. Quando tinha competições até saia nas ruas para pedir dinheiro. Alguns comerciantes ajudavam, outros não. Deixei e deixo de fazer muitas coisas. Tive que amadurecer muito rápido. Sai da casa dos meus pais com 15 anos. Tive que abdicar de muita coisa para conquistar os meus objetivos. É um caminho muito difícil para ser percorrido”.
O próximo passo do mato-grossense é ser medalhista olímpico. “Sou muito novo no salto triplo. É muito recente para colocar metas, mas o meu grande objetivo é ser medalhista olímpico. Quero estar na próxima olimpíada e brigando por uma medalha. Os resultados obtidos nos últimos anos mostram que temos potencial para isso. Estou trabalhando muito para que torne realidade. Assim, Mato Grosso terá um atleta olímpico e medalhista. Esse é o meu grande sonho para o futuro”.