Os noivos Maria Rafaela Silva dos Santos, de 20 anos, e João Paulo França Dias, de 23 anos, que tornaram-se conhecidos após venderem doces em semáforos de Cuiabá para pagarem por uma festa e casa própria, realizaram o sonho de se casarem nessa quinta-feira (12).
Após empresários da capital se sensibilizarem com a história do casal, eles foram foram presenteados com o cerimonial, DJ, decoração, espaço, fotógrafo, drinks, convites e doces personalizados, além do vestido e do terno, assim como os sapatos e os dias de noivo e noiva em salões da capital.
“Cada dia a gente ganhava algo e isso nos incentivou. Quando o grande dia chegou, fiquei assustado em ver como tudo estava lindo. Foi perfeito, além das expectativas”, contou João.
De acordo com o jovem, o casamento contou com a presença de 250 convidados e o único gasto que eles tiveram, foi com a buffet e com alguns doces, que foram preparados pela noiva.
“Convidamos familiares, amigos e algumas pessoas que conhecemos no farol, que sempre compravam nossos doces. Uma delas foi madrinha, inclusive, porque uma vez usou todo o dinheiro que ela tinha para nos ajudar comprando doces”, disse.
Segundo o noivo, o casal tinha planejado se casar em 2019, porque Maria participaria de uma missão religiosa, mas decidiu antecipar a data diante dos presentes que ganharam.
“Como ganhamos praticamente tudo, resolvemos antecipar a data e casar em julho deste ano", contou.
Os recém-casados devem viajar para São Paulo na terça-feira (17), onde será realizado um ato religioso, conhecido como selamento. “Vamos no templo, onde selaremos o nosso amor para toda a eternidade”, afirmou João.
Desempregados, João e Maria começaram a vender pirulito, cocada e pé de moleque em maio de 2017 para conseguir realizar o casamento. Parte dos doces eram feitos pelos noivos. Maria aprendeu as receitas com a mãe e a avó quando era criança e ensinou ao namorado.
De acordo com o noivo, o período em que passaram vendendo doces nas ruas foi importante para o amadurecimento do casal.
“Fizemos amizades com várias pessoas, inclusive, com moradores de rua. Eles têm muito amor e corações bons. Mudamos nossos pensamentos, ficamos mais humildes e aprendemos muito”, disse.
Após retornarem de São Paulo, João e Maria afirmam que devem focar nos estudos para perseguirem outro sonho: o de abrir uma confeitaria que ganhará o nome deles.
"A Maria é formada em química e ingressou na faculdade de engenharia de alimentos. Também vou me dedicar aos estudos e fazer ciências contábeis, por causa do empreendedorismo. Quando terminarmos a faculdade, vamos investir na confeitaria”, contou.
Os dois jovens ainda não conseguiram emprego, mas ganharam um carrinho de açaí de onde tiram a renda para se sustentarem.
“Temos um ponto de açaí em Cuiabá. Ganhamos o carrinho e, com o dinheiro que ganhamos nas ruas, investimos nos produtos. É de lá que vamos tirar o nosso sustento até conseguir um emprego formal”, disse o rapaz.
Segundo João, os dois estão felizes por terem conseguido realizar o sonho e ter superado todas as dificuldades.
“O sentimento é indescritível. Quem quer um sonho tem que correr atrás. Foi incrível quando vimos tudo acontecendo e agora só temos gratidão no coração. Escolhi a Maria e estou muito feliz”, afirmou.