O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) interditou o consultório da empresa Plástica Para Todos. A decisão foi tomada em sessão plenária, na noite da última terça-feira (17). Agora, a empresa está suspensa temporariamente. No entanto ela afirma que a decisão na acarretará prejuízos aos pacientes.
Por meio de nota, a empresa afirmou que sentiu necessidade registrar-se no órgão, para só então dar sequência a sua prestação de serviços. A decisão também não acarretará prejuízos aos pacientes, uma vez que a relação médico-paciente não foi afetada pela mesma, pois os médicos não estarão impedidos de atuarem junto aos pacientes.
O Programa Plástica para Todos é recente em Cuiabá e sua divulgação acontece em um grupo fechado do Facebook, com mais de 7 mil mulheres. De acordo com a empresa, o Projeto tem foco no atendimento de pacientes que esperam há anos por um procedimento cirúrgico pelo SUS, e que muitas das vezes se submeteria a cirurgias clandestinas em países vizinhos, ou que jamais teriam acesso a esse serviço, em busca da saúde mental, reparatória, qualidade de vida e melhora geral de sua saúde, proporcionados por uma cirurgia plástica.
“Agradecemos o apoio de todos os pacientes, estimando que num prazo máximo de 30 dias será possível a inscrição da empresa junto ao CRM/MT, quando tudo será normalizado, esclarecendo que o registro não tinha sido realizado por orientação de nossa assessoria jurídica da matriz em MG, em razão de se tratar de mera intermediação operacional do serviço”, diz trecho da nota.
A orientação é que os pacientes procurem a empresa para procedimentos administrativos e financeiros.
Casos envolvendo o nome da empresa
O nome do projeto veio à tona após a morte da esteticista cuiabana Edléia Daniele Ferreira Lira, de 33 anos, Daniele Bueno nas redes sociais, no dia 13 de maio. Ela foi submetida a um procedimento de cirurgia plástica no Hospital Militar em Cuiabá. Ela foi encaminhada ao Hospital Sótrauma após passar mal e não resistiu. Ela era casada e tinha uma filha pequena. Laudo da Politec apontou que não houve a perfuração de nenhum órgão ou veia vital, mas que ela morreu em decorrência de um choque hemorrágico em função de sangramento, diretamente ligado à lipoaspiração.
A Sociedade Mato-grossense de Anestesiologia (Soma) emitiu uma nota relatando mais dois casos de complicação após cirurgias do programa Plástica para Todos em Cuiabá. As apurações seguem em sigilo, mas a SOMA confirmou que duas pacientes foram encaminhadas para a UTI após procedimentos no Hospital Militar pelo programa. Na nota, o presidente da Soma, o médico Jefferson Yoshinari Ferreira da Cruz, disse que tiveram conhecimento “de um segundo e terceiro casos vinculados a esse programa com graves consequências aos pacientes”.
Por meio de nota o presidente da Plástica para Todos, Bruno Borges Magella, afirmou que uma das pacientes sofreu uma intercorrência comum e teve que ser encaminhada à UTI da Santa casa e que a outra paciente teve sangramento de vasos, o que segundo ele é uma condição esperada. Ele ainda disse que estes dois casos não têm relação com o de Daniele.