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Mercado da beleza ignora normas e não tem controle, diz médico

Presidente da SBCP em MT faz alerta sobre riscos de se submeter a profissional não capacitado

Data: Domingo, 22/07/2018 13:24
Fonte: Midia News.

Na última semana, o uso do PMMA (polimetilmetacrilato) em procedimentos estéticos veio à tona após a morte da bancária Lilian Calixto, de 46 anos, no Rio de Janeiro. Ela morreu na madrugada de domingo (15), após realizar um preenchimento nos glúteos com o médico Denis Furtado.

 

Em entrevista ao MidiaNews, o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) em Mato Grosso, Jubert Sanches, falou sobre o uso e os riscos de procedimentos estéticos com a utilização do PMMA.

 

Para a SBCP e também a Sociedade Brasileira de Dermatologia, o produto não é recomendado para fins estéticos, como o realizado na bancária. A única exceção seria o uso para preenchimento facial em pessoas com HIV/Aids, para corrigir efeitos dos medicamentos. Mesmo assim, em pequenas quantidades.

 

“Não existe lei que regularmente isso. São normas e ponto. Essas normas são quebradas o tempo inteiro, seja por médicos sem especialidade, ou até por dentistas, farmacêuticos, biólogos, biomédicos”, disse o especialista.

 

O cirurgião plástico ainda comentou como as redes sociais colaboram para a busca incessante pelo corpo perfeito. “As pessoas querem o corpo, mas não se dispõem a fazer o que essas pessoas [influenciadores] fazem: 3 a 4 horas de exercícios por dia, fazer uma dieta extremamente balanceada para que aquilo se reverta em um resultado bom para o corpo”.

 

Graduado pela Universidade de São Paulo, Jubert Sanches atua na área de cirurgia plástica em Cuiabá há 17 anos. 

 

Confira trechos da entrevista:

 

MidiaNews - Por que os procedimentos com o uso do PMMA são tão procurados?

Jubert Sanches – O que a gente vê, no dia-a-dia, é que esses médicos vendem muitas facilidades. Você imagina uma pessoa que quer fazer uma cirurgia, mas alguém lhe diz que pode se fazer um procedimento, uma coisinha simples, sem precisar passar pelo processo pós-cirúrgico. O paciente acredita nisso. Junto a isso, ainda tem a questão das mídias sociais. Existe uma tentativa do CRM e sociedades de especialidades reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina, que tentam fazer com que esse tipo de procedimento seja realizado apenas por cirurgiões plásticos e dermatologistas. O resto é uma bagunça de letras e palavras. Intitulam-se “médicos estéticos”, “estetamédicos”... Vira uma confusão tão grande que eu até entendo que seja difícil discernir e de encontrar no meio de tanta coisa o que é certo e errado.

 

O CRM tem batido duro. As nossas sociedades têm tentado fazer com que haja uma normatização desses procedimentos. Mas, se levarmos em conta que vivemos em um País livre, não existe lei que regularmente isso. São normas e ponto. Essas normas são quebradas o tempo inteiro, seja por médicos sem especialidade, ou até por dentistas, farmacêuticos, biólogos, biomédicos... Isso virou uma coisa que a gente não sabe onde vai parar.

 

Nós não sabemos se existe alguma maneira de ser controlada. Isso é puramente um mercado, mas nós, como médicos, não podemos ver isso como mercado. Isso é um ato médico. Procedimentos invasivos, dentro do entendimento do Conselho Federal de Medicina e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, devem ser realizados por médicos. São pessoas que estudaram, que são habilitadas para isso. As outras especialidades podem fazer? Isso está sendo discutido na Justiça, mas ainda assim a Justiça não tem como tornar isso uma lei. Às vezes você tem uma determinação judicial, como temos visto, que continua sendo descumprida. Então isso teria que ser repassado no Congresso. Mas acho que o Congresso não tem nem interesse em resolver. 

 

MidiaNews – O que a legislação diz sobre o uso do PMMA no Brasil?

 

Jubert Sanches – Existe uma resolução de 2006 que diz que não se deveria utilizar grandes quantidades de PMMA, porque naquela época estava havendo muitos problemas. Acabou que saiu essa resolução. E a gente, pela sociedade, pede para que nossos membros sigam isso: não usar o PMMA em grandes quantidades. E utilizar em pequenas áreas, para algum preenchimento. E, ainda assim, é um produto que dá muito problema a longo prazo.

 

MidiaNews – Que tipo de problema?

 

Jubert Sanches – Formação de nódulos... ou produto está há três, quatro ou cinco anos no corpo e, de repente, forma um abcesso e drena para fora da pele. Diferente do que se pensava no início, acaba que ele é um produto instável, que muda de lugar.

 

MidiaNews – E é fácil remover?

 

Jubert Sanches – Não, e esse é o grande problema. Imagine uma esponja, que você coloca uma monte de coisa nela e isso fica compartimentalizado em vários pedaços, em vários fragmentos. Então, às vezes para se remover uma grande quantidade de PMMA você causa um dano muito acentuado naquela região. Muitas vezes, você consegue remover uma parte, mas não o resto. E por isso que a gente acha que é uma coisa que não é adequada para ser utilizada em grandes volumes.

 

Se você fizer isso em uma pequena área, você pode ficar com uma cicatriz, ou com uma pequena deformidade. Agora, se você tiver uma área grande, muitas vezes vai causar uma deformidade enorme.

 

MidiaNews – Para as pessoas que querem realizar procedimentos para aumentar os glúteos, ou áreas maiores, e até mesmo de preenchimento facial, quais são as alternativas?

 

Jubert Sanches - O PMMA se enquadra em uma categoria de preenchimentos definitivos. As alternativas a isso são o ácido poliláctico, ácido hialurônico, mas eles normalmente duram por um período. O que a gente procura é achar um procedimento definitivo e que não cause problemas a longo prazo. Isso seria uma maravilha, porque a pessoa não teria que repetir esses procedimentos. Mas até hoje não temos esse produto. 

 

MidiaNews – E soluções para os glúteos?

 

Jubert Sanches – Para a cirurgia plástica, são enxertos de gordura, que é quando você tira uma gordura de um local e passa para região glútea. Ou então a prótese de silicone na região glútea. Agora, no caso de coxas, não fazemos esse tipo de procedimento. Até porque isso é uma coisa desnecessária. Se você fizer um exercício, você geralmente consegue ter um ganho de massa muscular e melhorar a forma. 

 

Isso também é uma grande apelo desses procedimentos, melhorar a forma sem ter que fazer nada. Você só vai lá e em meia hora está resolvido. Você não tem que fazer um exercício, nem dieta. O paciente se sente muito atraído por esse tipo de facilidade.

 

MidiaNews – E esse procedimento, com uso de PMMA, é novo na medicina?

Jubert Sanches – É antigo. O PMMA tem mais de 20 anos de uso. Essa normatização de não se utilizar grandes quantidades foi porque, logo que se começou a usar, houve muitos problemas. Hoje não ouvimos falar tanto. Na verdade, um caso mais próximo que teve desse da bancária foi o da [modelo] Andressa Urach, que apresentou uma infecção tardia – que ocorreu depois de anos que ela tinha colocado. E isso são coisas que vinham acontecendo com muita frequência. E por isso foi elaborada uma resolução para que se parasse de usar o PMMA em grandes quantidades. 

 

MidiaNews – É fato que muitas vezes as pessoas chegam até esses procedimentos estéticos por meio das redes sociais. No caso do “Dr. Bumbum”, ele expunha as pacientes, postava fotografias de antes e depois...

 

Jubert Sanches – O que vimos é que esse exagero de propaganda atrai muito o paciente que acredita em muita coisa. No caso desse médico, não havia nem mais o que se denunciar contra ele ao CRM. E a partir daí, acho que passa a ser uma situação que deve ser tratada pelo Ministério Público e a Polícia. Porque ele foi cassado em primeira instancia - que é o caso do CRM [do Distrito Federal] - e o processo está em andamento para o CFM. A partir disso não há mais o que se fazer. 

 

Porque, quando vê esse tipo de abuso como acontecia nas redes sociais desse médico, o CRM abre uma sindicância, chama o médico. O médico pode fazer um termo de ajustamento de conduta, retirar essas coisas da mídia. Ou então, se insistir, ele passa a ter penalidades cada vez maiores. Como funciona também na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Há um comitê de ética dentro da nossa sociedade. 

 

Só que temos que dar direito à defesa dessas pessoas. Se ele fala “Ah, não sabia que não podia”. Ele vai, tira e pronto. Agora, uma pessoa que não estava mais na alçada do CRM porque o conselho já tinha feito o que podia, e pelo que vi - não sei se foi assim mesmo - me parece que ele tinha até uma liminar para continuar trabalhando. Até porque o conselho não tem como ver tudo isso. Então é preciso ter denúncia para, aí sim, o conselho averiguar.  

 

MidiaNews -  A grande questão da rede social é que ela passa algum tipo de credibilidade, quando o médico mostra o antes e depois, por exemplo. Como o paciente pode verificar se aquele médico é confiável?

 

Jubert Sanches – Você pode entrar no site do CRM e ver se o médico está inscrito, a qual especilidade ele pertence. Isso atualmente é muito fácil: entrou no site, colocou o nome do médico, ele vai aparecer. Se está inscrito naquele Estado, se é um clínico, se é um cirurgião plástico, se é um dermatologista. Aí, você tem alguns parâmetros. Outra maneira é ver a formação desse médico. Ver se ele fez algum tipo de treinamento para realizar esse procedimento, isso também você tem como verificar. Agora, que a mídia social tem um peso forte, sabemos disso. A maneirar que se coloca, de forma abusiva, também tem um efeito muito intenso para as pessoas. E, muitas vezes, elas não têm o discernimento para saber até que ponto aquilo é verdade ou não.

 

A questão das postagens do pré e pós é uma coisa que é do Brasil não poder mostrar. Nos Estados Unidos, por exemplo, isso não tem nenhuma restrição. De modo geral, você pode ver fotos de pré e pós em sites de instituições. Por exemplo, se você entrar no site da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica, consegue ver pré e pós de quase tudo. Essas sociedades colocam todos os tipos de caso, aqueles que ficaram bons, aqueles que ficaram mais ou menos, aqueles que talvez não tenham o resultado tão próximo do esperado. O importante é isso, que a pessoa coloque tudo. E não só o que deu certo e o que ficou ótimo. E com isso vem a grande questão de não enxergar a medicina como mercado. Cada um é um, cada pessoa tem um peso, uma altura. Não tem como generalizar uma altura e vender cirurgia e procedimento como se fosse tudo uma coisa só.

 

MidiaNews – Como as redes sociais trabalham na construção do ideal de corpo?

 

Jubert Sanches – As redes sociais não são tão importantes nesse processo quanto o que se vende culturalmente. A rede social é uma coisa um pouco mais seletiva. E o que existe é um culto à beleza, a padrões de volume de mama, da região do quadril. Isso vem muito de Hollywood, que tem um apelo muito maior. Você pega por exemplo a [celebridade] Kim Kardashian, todo mundo quer ser como ela. Tem um quadril grande, uma mama grande. Ela é um tipo de padrão que as mulheres procuram. O que temos que conversar e explicar é que o padrão do corpo delas não é o daquela mulher. E isso não é um motivo de infelicidade. 

 

Outra coisa é que as pessoas querem o corpo, mas não se dispõem a fazer o que essas pessoas fazem: 3 a 4 horas de exercícios por dia, fazer um dieta extremamente balanceada para que aquilo se reverta em um resultado bom para o corpo. O que vemos muito no consultório é a pessoa que acha uma questão de 15 ou 20 anos, de uma gestação ou perda e ganho de peso, vai ser resolvida em uma cirurgia. Então você tem que colocar essa realidade para a paciente. 

 

MidiaNews – Como fazer isso?

 

Jubert Sanches – A primeira coisa é a pessoa aceitar o que ela quer. Você não pode chegar aqui com 20 quilos acima do peso e querer o resultado de uma modelo. Isso não é real. A cirurgia não faz isso. Agora, se você quiser que isso seja feito, terá que fazer um plano alimentar, exercício... Então, uma pessoa que planeja, que faz os passos necessários, vai ter um resultado muito melhor do que quem vem aqui e apenas faz a cirurgia. Uma coisa que sempre pergunto para o paciente: o que você quer? Apenas melhorar vai te deixar feliz ou você quer um melhor resultado que essa cirurgia pode te dar? São situações muito diferentes. 

 

Não dá também para falar com o paciente para fechar possibilidades. Tem pacientes com 1,60 m e 70 kg e só quer tirar aquela pele que está sobrando. É preciso sentir o que o paciente quer. Do mesmo jeito que existem pacientes muito felizes com cirurgias que podem ser melhores, temos pacientes que não se tem o que fazer e não estão contentes. 

Você imagine uma pessoa que quer fazer uma cirurgia, mas é falado para ele que pode se fazer um procedimento, uma coisinha simples, sem precisar passar pelo processo pós cirurgico e o paciente acredita nisso

 

MidiaNews -  Nesses casos, há um exagero na busca perfeita pelo corpo?

 

Jubert Sanches – Nós temos duas situações bem distintas. Primeiro é a pessoa que busca muito, mas tem consciência que são coisas desnecessárias, e chegam em um ponto que param. Como também temos pessoas que não se enxergam como elas são, que chamamos de dismorfia corporal. Então, a pessoa tem uma imagem alterada do que é a realidade.

 

Esse tipo de alteração psicológica é muito comum nos nossos consultórios. É uma paciente que vai fazer tudo, mas ainda não vai estar contente. E na maioria das vezes, os pacientes têm bom senso. Existem os exageros, cirurgias que se repetem sem necessidade. Mas não é a regra.

 

MidiaNews – Há dois meses, uma cuiabana morreu após passar por uma lipoaspiração, realizada por meio da empresa Plástica Para Todos. E há alguns dias, outras duas cuiabanas, que também fizeram cirurgia plástica pela empresa, ficaram internadas em estado grave. Como a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica está vendo esses casos?

 

Jubert Sanches – A SBCP tem uma posição de seguir o Conselho Federal de Medicina e o Código de Ética, que determinam: o médico não pode trabalhar para intermediadoras, ponto final. E não adianta argumentar que é um projeto social, que é uma situação boa para A ou B, e contrariar uma norma do CFM e do Código de Ética. Nós também não recomendamos que os pacientes recorram a esse tipo de programa, não recomendamos que os associados se filiem a esse tipo de empresa, e a norma que rege isso é a norma de 1.836 de 2008.

 

Quando uma instituição como o CFM publica uma norma dessas e diz que os médicos não podem trabalhar para essa empresa. Você vê uma sociedade de anestesia dizendo que os médicos não podem trabalhar para essa empresa. Você vê a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica vetando o trabalho para essa empresa. E, em contrapartida, você vê três ou quatro pessoas dessa empresa dizendo que está tudo certo. Então é necessário cidadão pesar essas informações.

 

MidiaNews – Mas o que se vende nessa empresa é a facilidade para realizar a cirurgia plástica, em termos de custo. Isso não é verdade?

 

Jubert Sanches – Isso é outra coisa que vemos como uma falácia. Ouvimos muito falar que lá é muito barato, mas eu não sei. Na verdade, como não vemos isso como mercado, não é discutido nas nossas reuniões quanto vamos cobrar. A gente vê, inclusive, colegas fazendo cirurgia sem cobrar a parte da cirurgia, porque o paciente às vezes não tem condições. E paga apenas o custo do hospital e anestesista. O que cada médico vai cobrar é problema dele, não colocamos preço mínimo, não vemos isso como mercado. A medicina não é mercado. A gente bate muito nessa tecla, porque nós não queremos passar a imagem de que “o cirurgião plástico da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica” não quer o Plástica para Todos porque é um programa popular”. Isso não existe.

 

Isso é uma tentativa de iludir a população, dizendo que cirurgia plástica tem preços absurdos e não é. Inclusive, claramente nos últimos anos, houve uma redução significativa de valores. Hoje, a cirurgia plástica pode ser feita por qualquer um. A pessoa pode se programar e, em vez de pagar para uma empresa, ela pode pagar pro médico. O médico pode, e tem a prerrogativa de estabelecer como ele vai receber esse honorário. O que não concordamos é que haja um intermediário.

 

A intermediação está completamente fundamentada no parecer 1.836. Não pode. O Plástica Para Todos trabalha fora de uma norma maior. Maior do que nós como Sociedade, maior que o CRM. Então qual a discussão disso?

 

MidiaNews – Em busca de cirurgias plásticas mais baratas, muitas mulheres recorrem à Bolívia. Isso ainda é realidade?

 

Jubert Sanches – Nos últimos anos tem diminuído, até pela quantidade de complicações. Apesar de ficarmos sabendo de algo vez ou outra, o pessoal está mais atento. E na verdade, a melhor resposta para o que acontece lá é o que o presidente da Sociedade Boliviana de Cirurgia Plástica deu. Ele falou que as clínicas que fazem esses preços não são as que atuam de forma regular na Bolívia. 

 

MidiaNews – Alguma vez na sua carreira o senhor precisou corrigir cirurgias plásticas mal executadas? E quanto isso é recorrente?

 

Jubert Sanches – Não é tão infrequente. Nesses últimos anos, algumas dessas pacientes me disseram que, por causa do dólar alto,não compensa tanto ir para Bolívia. Eu operei umas duas no mês passado.

 

MidiaNews – Sobre o perfil de quem procura cirurgia plástica, as mulheres ainda são a maioria?

 

Jubert Sanches – Sim, a maioria ainda são mulheres. Cirurgias para homens ainda são um pouco diferentes. As cirurgias mais realizadas, tanto no Brasil como nos Estados Unidos, varia entre lipoaspiração e prótese de mama. Nos EUA, atualmente é a prótese de mama. Ela, sozinha, é mais realizada que todas as cirurgias masculinas. Agora, as três mais realizadas: prótese de mama, lipoaspiração e abdominoplastia. Para homens, normalmente é rinoplastia, pálpebra e lipoaspiração. 

 

MidiaNews – Existe uma idade recomendada para realizar a primeira cirurgia plástica? No caso de prótese de mama, por exemplo, dá para fazer em adolescentes?

 

Jubert Sanches -  O ideal é que após os 18 anos. A mama vai estar completamente formada, para a maioria das mulheres, entre 18 e 21 anos. É claro que tem mulheres que amadurecem um pouco mais rápido, e você passa a ter uma coisa mais especifica, que é a questão do tipo de cirurgia. Colocar uma prótese com 15 anos não é uma boa opção. Agora fazer uma redução de uma menina que tem uma mama muito grande aos 15 anos talvez seja uma boa ideia.

 

Então, na verdade nós temos que avaliar cada paciente, ver o prazo. A questão psicológica também é fundamental: se ela está apta a fazer ou não, e até que ponto isso impacta a vida dela. Por exemplo, uma moça de 16 ou 17 anos com uma assimetria mamária por deformidade congênita, você não tem que ficar esperando até os 18 anos. Então são detalhes que fazem da medicina uma coisa mais artesanal, uma roupa feita sob medida, não uma coisa feita por atacado. E cada paciente é um ser humano, não é mercadoria. 

 

MidiaNews – A cirurgia plástica tem validade? Por exemplo, uma lipoaspiração ou uma abdominoplastia pode “vencer”?

 

Jubert Sanches – Cada cirurgia tem uma particularidade. Orelha, nariz e abdominoplastia são cirurgias que você faz uma vez na vida, normalmente. A mamoplastia, se você fizer uma aos 20 anos, você vai fazer mais duas ou três cirurgias durante a vida, e ainda pode ter alterações ao longa da vida. Ela é uma estrutura que não fica estática. A lipoaspiração é uma cirurgia que não tem validade, mas pode ter alterações dependendo de ganho de peso e não se pode afirmar que é uma cirurgia definitiva. O nariz e a orelha, por exemplo, se você ganhar peso não vão mudar.

 

Então, o estilo de vida e como você cuida dessa cirurgia também podem contribuir para o resultado. Por exemplo, uma pessoa que faz uma cirurgia de mama, coloca uma prótese um pouco maior e nunca usa um sutiã, vai ter uma facilidade maior ter a mama caída. Mas a mama vai cair? Não sabemos, depende da pele e de uma série de fatores.