Mãe do recém-nascido que morreu duas semanas após complicações durante o parto no Hospital Geral Universitário (HGU), em Cuiabá, Luana Lacerda Pinto, de 21 anos, reclama de suposto descaso por parte da equipe médica que fez o atendimento e denunciou à polícia o tratamento recebido no hospital.
O HGU afirmou, por meio de nota, que seguiu todas as notas e recomendações técnicas do Ministério da Saúde.
A morte do bebê, que seria o segundo filho de Luana, foi atestada na última sexta-feira (20).
"Ficaram somente as lembranças. A primeira roupa que coloquei nele, foi para sepultá-lo. Agora, sinto apenas um vazio, tristeza e muita dor", lamentou.
Luana relata que foi obrigada pela equipe do hospital a ter o filho por meio de parto normal, mesmo tendo encaminhamento médico afirmando que tal procedimento não era adequado por não ter dilatação. Tal escolha resultou em rompimento uterino e sequelas para o recém-nascido.
"Cheguei a implorar para o médico fazer cesariana. Disse que estava com muita dor e falta de ar, mas ele respondia que o parto seria normal, que já estava quase na hora", disse.
Segundo a mãe, a equipe apenas decidiu levá-la com urgência para o centro cirúrgico após 12 horas de trabalho de parto, quando não mais foi possível ouvir os batimentos cardíacos do bebê e a vida da mãe também estava em risco.
"Foi um descaso. Antes da anestesia fazer efeito, apertaram minha barriga e puxaram o bebê com as mãos. Senti muita dor e desmaiei", afirmou.
O filho de Luana passou duas semanas internado na Unidade de Terapia Intensiva neonatal, mas, segundo a família, nunca esboçou reação alguma.
"Era para eu ter saído do hospital com o meu filho nos braços, achei que veria crescê-lo brincando com o irmão, mas, infelizmente, isso não vai acontecer", disse a mãe.
A família registrou boletim de ocorrência sobre o caso e chegou a fazer um protesto, no centro da capital, pedindo por Justiça.
"Vou continuar lutando por Justiça para que nenhuma mãe passe pelo o que estou passando", disse Luana.
O Conselho Regional de Medicina (CRM-MT) abriu sindicância para apurar o caso. Segundo a presidente do Conselho, Maria de Fátima Carvalho Ferreira, serão coletados documentos para identificar a equipe médica envolvida no atendimento à mãe e filho no HGU e serão tomados os depoimentos necessários para a elucidação do caso.
A partir daí, o conselho deverá decidir se irá ou não pedir o afastamentos dos profissionais envolvidos no atendimento e se será aberto algum processo ético-profissional ou se o caso será arquivado.
Além disso, a direção do HGU informou que também abriu uma sindicância para apurar os fatos e que nesta quarta-feira (25) será realizada a primeira reunião com o Conselho Ético do hospital.
Sobre a denúncia feita pela família, o HGU informou que toda a assistência foi dada ao bebê internado na UTI Neonatal, bem como o parto foi realizado dentro das normas e recomendações técnicas do Ministério da Saúde.
Segundo o hospital, a evolução durante todo o trabalho de parto ocorreu sem necessidade de intervenção externa da equipe de assistência.
"[A paciente] evoluiu para dilatação total do colo uterino de 10 cm quando foi evidenciada uma parada abrupta e inesperada das contrações uterinas e a ocorrência de intensa dor abdominal, quadro este compatível com o diagnóstico de rotura uterina [ruptura uterina]", diz trecho da nota.