Polícia Civil de Vilhena (RO) concluiu que a jovem Anna Karolyne dos Santos, de 19 anos, foi morta por asfixia, em Chupinguaia (RO), na região do Cone Sul. O inquérito foi concluído na terça-feira (31). O laudo da necropsia apontou que ela foi asfixiada e, em seguida, atingida por cortes no pescoço e no braço. Segundo as investigações, o ex-marido, Luan Wudarski do Nascimento, cometeu o crime e tentou esquartejar o corpo, para escondê-lo. Luan está foragido da Justiça.
O delegado titular da Delegacia Especializada na Repressão de Crimes Contra a Vida (DERCCV), Núbio Lopes de Oliveira, explica que as investigações apontaram que Anna Karolyne foi criada na zona rural. Ela começou a namorar Luan com 14 anos e casou-se aos 15.
Luan apresentava-se como um marido extremamente ciumento, e Anna não podia conversar com outros homens, nem com os da família. Uma semana antes do crime, Luan terminou o relacionamento com Anna, pois ficou irritado em virtude dela ter ingerido cerveja em uma festa, na casa de familiares.
Com isso, Anna foi morar em uma quitinete e não voltou para a casa dos pais, na zona rural, porque estava trabalhando na cidade. O delegado ressalta que a mãe de Anna contou à polícia que chegou aconselhar a filha sobre Luan.
“A mãe, sabendo que o genro era ciumento possessivo, disse a ela: ‘filha não abre a porta para ninguém; não abre a porta para o Luan’, pois ela conhecia bem o genro”, destacou o delegado.
A filha de Anna, de 1 ano e 11 meses, estava sendo cuidada pelos avós maternos e paternos, enquanto a mãe trabalhava. No fim de semana do crime, Anna pediu para ficar com a filha, pois estaria de folga no domingo.
A madrasta de Luan levou a menina para a casa de Anna por volta das 19h do sábado (7). Uma vizinha disse aos policiais que ouviu um grito de mulher, às 23h da mesma noite. Ela acordou, viu que tudo silenciou e voltou a dormir.
As investigações apontaram que Luan estava em uma festa e, durante a noite, foi até à casa da ex-mulher. Anna abriu a porta para Luan e foi assassinada por ele. A filha estava no mesmo quarto, mas a polícia ainda não sabe se ela viu o crime.
Os elementos da investigação indicaram que Luan estrangulou Anna por trás, pois o corpo dela apresentava arranhões feitos pelas próprias unhas, na tentativa de tirar o braço dele.
“O médico legista encontrou sinais irrefutáveis de que Anna foi asfixiada por estrangulamento. O médico não conseguiu descobrir se as facadas foram aplicadas enquanto ele dava uma gravata nela ou depois que ela caiu. O que aparentava serem apenas dois cortes no pescoço, na verdade, foram sete, na mesma direção, e outros 5 cortes na junta do braço, em direção diferente”, explica Oliveira.
O delegado salientou que Luan trabalhava em um frigorifico e os cortes lineares foram praticados na tentava de mutilar o corpo. “Existe uma tendência natural do homicida esconder o cadáver depois de praticar o homicídio. Depois que ele asfixiou a menina, ele quis esquartejar o cadáver e esconder o corpo. Dois dos golpes atingiram um vaso sanguíneo no pescoço e por isso tinha tanto sangue no chão", diz.
Luan foi indiciado por feminicídio e por outras três qualificadoras: motivo fútil, recurso que impossibilitou a defesa da vítima e meio cruel. “Ele dissimulou, pois já chegou lá com intenção de matar ela, porque não suportava a ideia de que ela pudesse se relacionar com outros homens, já que estava morando sozinha”, enfatiza o delegado.
Luan também foi indiciado por tentativa de destruição de cadáver. “Ele cortou o corpo em duas direções e só não ocultou o cadáver, pois a faca não estava cortando o suficiente. A faca não foi eficiente para cortar o corpo humano”, salienta Oliveira.
O corpo da mulher foi encontrado na madrugada do dia oito de julho deste ano, na quitinete onde morava. No mesmo dia, Luan se apresentou na Delegacia de Polícia Civil de Vilhena, acompanhado por advogado, e alegou legítima defesa.
Luan disse à Polícia Civil que foi até à casa da ex-mulher, conversar sobre a guarda da filha. Contudo, durante o diálogo, Anna teria se estressado, pegado uma faca e partido em direção dele.
“O Luan disse que ela o atacou com a faca e quando ele acordou, ela já estava morta. Ele disse que não se lembra do que aconteceu, pois havia ingerido bebidas alcoólicas”, explica o delegado Oliveira.
O suspeito apresentava lesões pelo corpo e disse que foram causados por Anna. Ele passou por exame de corpo de delito e foi liberado, por não haver mais o estado de flagrância, segundo a Polícia Civil.
Na segunda-feira (9), após colher as primeiras informações sobre o caso, a Polícia Civil pediu e o Judiciário decretou a prisão preventiva de Luan, mas ele não foi encontrado.
Um homem, de 50 anos, chamou a PM na madrugada de um domingo. Ele contou aos militares que o filho, Luan Wudarski do Nascimento, de 23 anos, chegou à casa dele pedindo para que cuidasse da filha, pois havia matado a mãe da criança.
Em seguida, Luan fugiu em uma motocicleta e o pai não acreditou que ele estava falando a verdade. Mesmo assim, o homem acionou a PM e foi com os militares até o endereço da mulher. Ela já estava morta e apresentava duas perfurações no pescoço.