O homem que foi preso suspeito de ter simulado um acidente para esconder o assassinato da mulher dele, em Matupá, a 696 km de Cuiabá, tinha comportamento agressivo e ciumento. A afirmação foi feita pela família da vítima à Polícia Civil.
Itacir Lopes da Silva, de 30 anos, e a mulher dele, Lucimar Sousa de Oliveira, de 20, estavam desaparecidos desde sexta-feira (10). A família da vítima registrou boletim de ocorrência sobre o desaparecimento.
Itacir procurou atendimento médico no hospital de Matupá na segunda-feira (13) e contou que sofreu um acidente onde a Lucimar havia morrido.
Ele acabou preso pela Polícia Civil, que não acreditou na versão apresentada. Para a polícia, não há sinais do acidente relatado pelo marido. O G1 não localizou o advogado do suspeito. À polícia ele diz que não se recorda do que aconteceu.
Itacir foi autuado em flagrante por homicídio qualificado, por traição ou emboscada, que dificultou a defesa da vítima.
Ao ser ouvido pelo delegado Claudemir Ribeiro de Souza, o suspeito não colaborou com informações sobre o ocorrido. Em todo o depoimento apresentou falas desconexas e contraditórias.
No corpo do suspeito foram verificadas marcas de arranhões que podem indiciar luta corporal com a vítima. Além disso, o local onde a motocicleta do casal foi encontrada, bem como o corpo da vítima, não apresentava nenhum sinal de acidente automobilístico, de acordo com trabalho de peritos.
A juíza Suelen Barizon, da Vara Única de Paranatinga, converteu a prisão em flagrante de Itacir nessa quarta-feira (15) para prisão temporária (30 dias).
“Durante o interrogatório, o custodiado afirmou não se recordar do acidente com exatidão, relatando ter permanecido desacordado, no local, de sexta-feira a domingo, quando então procurou ajuda”, pontuou a juíza.
Na decisão, a magistrada citou que o laudo da Perícia Oficial Técnica (Politec) apontou como causa da morte um 'choque neurogênico por traumatismo cranioencefálico, sendo instrumento contundente o meio utilizado para causar tal lesão fatal'.
O documento apontou que não havia sinais de fratura de ossos, o que colocaria em descrédito a versão do suposto acidente que o marido afirmava que sofreu com a vítima.
“Deve-se levar em consideração, ainda, que conforme informações do relatório policial o indiciado [marido] não apresentava queimadura em sua pele, por exposição ao sol, como ocorreu no corpo da vítima, embora tenham ambos permanecido, segundo a sua versão, desacordados no local dos fatos por dois dias, pelo menos”, salientou a juíza.
Para a magistrada, há contradições no que o suspeito relata e o que foi encontrado nas provas e investigações.
O material encontrado sob as unhas da vítima foi encaminhado para análise. Ele será confrontado com o material genético do suspeito.
O marido está preso na cadeia pública de Peixoto de Azevedo, a 692 km de Cuiabá.