A Polícia Civil investiga o envolvimento de um rapaz, de 26 anos, em um incêndio que queimou mais de 80% do corpo da namorada, a jovem Bruna Jenifer Cirilo, de 21. O ataque ocorreu na casa em que eles moravam, em Itanhaém, no litoral paulista. Segundo apurado pelo G1 na manhã desta quarta-feira (5), a garota foi internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa de Santos em estado grave. Segundo a polícia, uma tatuagem pode ter motivado a agressão.
De acordo com informações de testemunhas, Bruna morava há cerca de quatro meses na cidade litorânea, para onde se mudou com um antigo namorado que, inicialmente, prometeu a ela um emprego na cidade. Depois, ela descobriu que, na verdade, ele tinha envolvimento com o tráfico de drogas e era procurado pela polícia.
O rapaz, cujo nome estava tatuado no peito da vítima, foi preso dias após a mudança, e logo em seguida, Bruna se envolveu com o suspeito do crime. Segundo boletim de ocorrência registrado no 1º Distrito Policial de Itanhaém, o casal já havia se desentendido pelo fato de ela manter contato com o ex-namorado pelo WhatsApp, apesar do rapaz permanecer preso.
Equipes da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros foram acionadas para a ocorrência de um incêndio, no bairro Jardim Oásis. No local, encontraram a casa, de madeira, já queimada, e Bruna, ainda em chamas, na calçada, sendo acudida pelo companheiro e vizinhos. Um bombeiro tentou socorrê-la, mas foi agredido pelo rapaz, que foi detido.
A vítima foi socorrida por equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o Hospital Irmã Dulce e, depois, para a Santa Casa de Santos, onde, segundo familiares, segue internada. Ela teve mais de 80% do corpo queimado, perdeu um dos seios e corre o risco de ter um braço amputado.
Segundo a polícia, o rapaz foi detido e acabou sendo liberado em seguida. Em depoimento à Polícia Civil, ele negou ser o autor do crime, e alegou que, no dia, Bruna estava deitada com uma manta térmica, quando tentou acender um cigarro perto de um galão com gasolina guardado na moradia, e houve a combustão. O fogo teria se propagado para a manta.
"O rapaz, segundo a família, faz uso de medicação controlada. Ele nos disse que a gasolina, que teria causado a explosão, seria para abastecer uma moto que ele guardava na casa. Porém, foi constatado que o veículo não possuía a menor possibilidade de funcionar", explica o delegado Jaime Marcelo da Fonte, que registrou o caso.
Ainda segundo o delegado, as poucas testemunhas ouvidas não relataram brigas do casal, embora a mãe do suspeito tenha dito que eles discutiam frequentemente. A dona de casa Roseli Cirilo, de 59 anos, mãe de Bruna, reitera que pessoas próximas à filha disseram que o rapaz não aceitava a tatuagem que ela tinha no peito, com o nome do ex, motivo pelo qual ela já teria apanhado.
"Eu queria entender como a minha filha passou por isso. Ela tinha gênio forte, peitava as pessoas, não levava desaforo. Sou mãe, e quero justiça pelo que aconteceu. Isso não se justifica. As queimaduras estão bem onde tinha a tatuagem. Não foi acidente", desabafa.
Um inquérito foi instaurado para apurar o real motivo do incêndio. Agora, a polícia quer ouvir a família da jovem, e outras pessoas que conheciam o casal, para tentar descobrir o real motivo do ataque. O G1 entrou em contato com a Santa Casa de Santos, mas a instituição não retornou até a última atualização desta reportagem.