Um levantamento divulgado pelo Ministério da Saúde aponta que em Mato Grosso 60% dos partos são cesáreas. A recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é que apenas 15% dos partos tenham interferência.
Nos últimos 20 anos, o número de mulheres que optaram em fazer o parto cesáriana aumentou. O Brasil ocupa a segunda colocação na classificação mundial entre os países que mais realizam o parto cesariana, de acordo com o Ministério da Saúde.
Segundo a presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM-MT), Maria de Fátima Ferreira, o parto cesárea é realizado a pedido da paciente. Ela explicou que muitas mulheres têm medo das dores do parto normal.
"Os partos cesariana, geralmente são indicados pela paciente. A maior parte dessas mulheres sente medo do parto normal", disse.
A cirurgia que deveria ser realizada apenas em casos de risco para a mãe ou bebê se tornou uma cirurgia eletiva.
O parto humanizado conhecido também como parto normal respeita as decisões da gestante e é oferecido pelo Sistema Único de Saúde.
A enfermeira obstetra Vanusa Cristina Pinto explicou que o parto humanizado é acompanhado desde o pré-natal da gestante.
"É feito esse acompanhamento para que tenha a menor intervenção possível, porque geralmente elas podem acarretar um risco maior para a mãe e o bebê", contou.
Deve-se levar em conta que, em parte dessas cesáreas, a situação já era emergencial e mais arriscada. Mas o aumento do agendamento desse tipo de parto torna o índice preocupante.
A cesárea é uma cirurgia e pode gerar hemorragia, infecções e danos a órgãos internos da gestante, sem que a necessidade de assumir o risco dessas complicações.
O parto normal traz benefícios para o bebê e a mãe. Durante o parto, a mãe produz os hormônios oxitocina, que estudos indicam serem capazes de proteger o recém-nascido de danos no cérebro e ajudar no amadurecimento cerebral, e prolactina, que favorece a amamentação.