Daniel de Oliveira Rodrigues de Souza, de 18 anos, que morreu após passar mal nas dependências do Departamento de Trânsito (Detran), no Centro Político Administrativo (CPA), em Cuiabá, havia tido convulsões e foi levado desacordado ao Centro de Saúde do bairro Paiaguás, onde sua instrutora foi solicitar atendimento médico. Mesmo assim, ele fez a prova prática para Carteira Nacional de Habilitação (CNH), na manhã da última quarta-feira (19).
O presidente do Detran, José Eudes Souza Malhado, afirmou que todo suporte para mantê-lo vivo foi empregado. “A morte do rapaz foi uma fatalidade e lamentamos muito pela família. Foi uma situação triste, mas que nunca tinha ocorrido nas dependências do Detran, tanto na sede, quanto em qualquer outra filial”, ponderou.
Às 8h30 daquele dia, a instrutora da autoescola levou Daniel até Centro de Saúde do bairro Paiaguás passando mal. Segundo ela, o jovem estava dentro do carro já desacordado e teria tido surtos epiléticos. Os funcionários do local observaram necessidade em encaminhar Daniel para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) mais próxima, para a realização do atendimento emergencial.
Um funcionário seguiu até o carro, para ver se conseguia fazer o atendimento básico. O jovem estava desacordado, porém respirando, segundo ele. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou a ser acionado, quando o rapaz ainda estava na unidade. Mas, segundo relatório de atendimento, a equipe não comparece quando o paciente já esta no interior de um veículo.
“Ressaltamos que na Unidade Básica de Saúde não dispomos de equipamentos para realizar atendimentos emergenciais (ambu, oxigênio, oxímetro, medicações endovenosas, cadeira de rodas, maca para transporte, desfibrilador, entre outros materiais e medicamentos de suporte básico de vida)”, diz trecho do relatório.
Ao que tudo indica, o jovem não foi para a UPA e seguiu para fazer a prova do Detran. Durante o teste prático de carro, o jovem começou a passar mal e foi socorrido por instrutores e técnicos do Detran, conforme a assessoria do órgão.
O Samu foi acionado e, ainda por telefone, os profissionais da autarquia foram orientados a retirar Daniel do veículo e a realizar manobras de ressuscitação. Encaminhado ao Pronto Socorro Municipal (PSM), ele não resistiu e morreu minutos depois. Informações preliminares dão conta que ele teve um infarto, mas o resultado dos exames da Perícia Técnica (Politec) deverá sair em até 60 dias.
“Todo o suporte necessário para mantê-lo vivo foi empregado. O Samu foi chamado imediatamente e, enquanto os socorristas eram aguardados, nossos profissionais utilizaram os conhecimentos de ressuscitação, com orientação da médica do Samu. Reafirmo a conduta e postura correta de nossos profissionais e qualquer caso de excessos no exercício da função será apurado”, afirmou o presidente da órgão.
Examinador
A família do jovem disse que ele estava confiante que passaria na prova prática. O avaliador da instituição, no entanto, teria sido agressivo e já teria gritado com a vítima. O irmão da vítima, Matheus de Oliveira Rodrigues de Souza, de 21 anos, disse ao Olhar Direto que o examinador já teria sido denunciado em ocasiões anteriores, por outros alunos. “Ele era muito ignorante”, sustentou.
A reportagem entrou em contato com a assessoria do Detran, que informou que investigará o caso desde que haja uma denúncia. “Caso haja denúncia sobre a conduta de qualquer servidor estadual, o Governo do Estado seguirá o trâmite normal para esses casos, com instauração de Processo Administrativo”, disse por meio de nota.
