“Estou com tanto medo que eu não consigo chorar, mas quando a realidade bater vai ser muito difícil”, disse ao G1 nesta terça-feira (25) a universitária Melissa Gentz, de 22 anos, depois de ser espancada em Tampa, na Flórida, nos Estados Unidos. O suspeito da agressão é o belo-horizontino Erick Bretz, de 25, que está preso desde domingo (23), dia em que Melissa foi agredida.
O G1 procurou a família de Bretz, mas até última atualização desta reportagem ninguém havia se manifestado.
Melissa, que também é de Belo Horizonte, contou que no domingo estava na casa de Erick e que eles assistiam a um filme, mas que o jovem começou a beber. A estudante falou que ele usa remédio para dormir e que não pode ser misturado à bebida alcoólica.
“Depois de um tempo ele começou a ficar agressivo. Pedia sem parar o meu celular. Ele ficou elétrico. Eu queria dormir porque no outro dia eu tinha aula. Eu queria ir embora e ele não deixava”, relembrou Melissa.
Ela disse que Erick a empurrou várias vezes, prendeu a cabeça dela entre as pernas dele, pegou um vidro de soro fisiológico e virou no rosto de Melissa.
“Ele apertava o meu rosto, chutou o meu rosto, me puxou pelos cabelos pelo apartamento. Ele bateu a minha cara no chão”.
Com muito custo, Melissa conta que conseguiu se desvencilhar de Erick e correu para dentro do banheiro, mas ele arrombou a porta. “Para eu me livrar dele, eu entreguei o celular para ele e saí correndo para a portaria do prédio”.
Melissa disse que o porteiro chamou a polícia e uma ambulância para socorrê-la. Depois de medicada, no mesmo dia, à tarde, Melissa voltou ao apartamento de Erick para buscar os objetos pessoais. Ela estava acompanhada de dois policiais. O rapaz estava dormindo e recebeu voz de prisão.
Para se livrar da cadeia, Erick precisará pagar uma fiança de US$ 60 mil dólares – o que equivale a cerca de R$ 240 mil. Caso a fiança seja paga, o jovem ainda terá de entregar o passaporte para responder ao processo nos Estados Unidos.
Melissa foi para Flórida em janeiro de 2015 para estudar biologia celular e molecular. Ela se formaria em dezembro, mas como está muito machucada não tem condições físicas de frequentar as aulas. Ela disse que deve trancar este semestre.
Ela contou ainda que houve outros episódios de ciúmes e que ele sempre pegava o celular dela. “Ele gritava, me ameaçava, dizia que eu era louca, que eu era surtada. Eu não podia ficar sem o meu celular porque como moro fora eu preciso do celular”, disse a jovem, que tinha no aparelho um meio de comunicação com os parentes.
Por causa da agressão, os pais e a irmã de Melissa chegaram aos Estados Unidos nesta segunda-feira (24) para acompanhar o caso. Ela e a família vão nesta terça (25) a um escritório de advocacia para tomar conta do caso. “O homem que te bate uma vez não vai mudar mais”, desabafou.
Erick e Melissa namoravam há apenas três meses, desde junho. Segundo ela, o ex foi para os Estados Unidos com a intenção de fazer faculdade de administração. Ele também foi campeão de motocross.
De acordo com o site do Tampa Police Department Bookings – Departamento de Polícia de Tampa –, Bretz foi preso no dia da agressão.
Ainda de acordo com o site, Erick está preso e responde por duas acusações: “domestic battery by strangulation” (violência doméstica por estrangulamento) e “tampering with a witness” (intimidar vítima ou testemunha).
Fotos de Melissa mostram a jovem muito machucada no rosto em um lugar que parece ser o parapeito de uma janela em um banheiro, há um chumaço de cabelos molhados.
No Instagram de Melissa, ela repostou nesta terça-feira (25) uma foto em que veste uma camiseta preta de alcinha e desabafa: “Estou repostando essa foto porque meu ex namorado deletou ela sem eu ver. Ele disse que mulher com namorado não podia ter foto “mostrando os seios” no instagram. Eu peço que TODAS as mulheres possam ter força e coragem para terminar relacionamentos abusivos como o meu último. Começou com reclamações das minhas fotos no Instagram, depois dos comentários nas fotos, mensagens que eu recebia no WhatsApp... até que ele me pegou pelo cabelo e disse que eu precisava aceitar minha realidade porque eu era a mulher da relação. Um homem que te trata assim não te respeita e não te vê nem como ser humano. Ele não vai mudar. Se coloque em primeiro lugar sempre antes que seja tarde demais”.
Ao G1, o Itamaraty informou que a rede consular do Ministério das Relações Exteriores está averiguando o caso.