Em 2017, Mato Grosso registrou oito casos de violência contra o patrimônio em terras indígenas. Os dados são de um levantamento realizado e divulgado pelo Conselho Indigenista e Missionário (Cimi).
No ranking, o estado aparece empatado com Maranhão e Acre no número de casos e perde apenas para o Pará (19 casos), Amazonas (16 ocorrências) e Rondônia (14 denúncias).
Ao todo, no Brasil foram registrados 96 casos, relativos a invasões possessória, exploração ilegal de recursos naturais e danos diversos ao patrimônio.
De acordo com o levantamento do Cimi, os casos mais citados em 2017 foram: invasões, desmatamento, destruição de patrimônio, contaminação de rio, queimadas e incêndios, contaminação por agrotóxico, entre outros.
Em Mato Grosso, os casos foram denunciados nas terras indígenas Capoto, Sangradouro, Nambikwara, Panará do Arauató, Apiaká-Kayabi, Parque indígena do Xingu, Kawahiva do Rio Pardo e Kanela, sendo um em cada uma delas.
As áreas que pertencem a esses povos, segundo o Cimi, são as poucas que ainda contam com mata e recursos naturais. Por isso, são alvos prioritários dos setores que visam a exploração madeireira, hídrica e o plantio de soja.
Entre os casos, o povo Kayapó, da Terra Indígena Capoto, denunciou que a área é alvo de grileiros e fazendeiros que, segundo as lideranças, já desmataram cerca de mil hectares. Os índios suspeita quem os marcos da áreas foram alterados.
O Ministério Público Federal em Mato Grosso (MPF-MT) instaurou um inquérito civil público para que a Funai adote providências a fim de que os marcos territoriais sejam reavivados.
Ainda segundo o levantamento, a fragilidade no processo de fiscalização das áreas tem impactado os povos isolados que vivem no estado pela falta de controle sobre os créditos de exploração florestal emitidos pelo próprio governo.
"Esta situação impulsionou um milionário esquema clandestino que financia o desmatamento e a grilagem de terras e ameaça áreas indígenas e unidades de conservação da região noroeste, a última grande reserva de floresta nativa do estado", diz trecho do relatório.
Os dados do Cimi apontam que entre 2016 e 2017 foi registrado um aumento de 54% no volume autorizado para projetos de exploraçãomadeireira e abertura de novas áreas.
No país, 68 indígenas foram mortos em 2017, de acordo com o levantamento — Foto: Guilherme Cavalli/Cimi
Em 2017, de acordo com o levantamento, foram registradas 68 mortes de índios no país. Uma delas no Bairro Primavera 3, em Cuiabá, em julho do ano passado.
José Luiz Tawate foi alvejado depois que saiu d casa para levar amigos até a rodoviária. No caminho, um motociclista chegou próximo do veículo dele e efetuou vários disparos.
O motociclista fugiu. O filho da vítima assumiu a direção do carro para levá-lo ao hospital, mas o combustível acabou antes que chegasse ao local.