O aumento do número de cesarianas realizadas no mundo preocupa a Organização Mundial da Saúde, que divulgou nesta quinta-feira (10) um guia para profisisonais da saúde para reduzir os números de procedimentos desnecessários realizados.
De acordo com o documento, as taxas de cesarianas realizadas têm aumentado constantemente, mas sem benefícios significativos para a saúde da mulher ou do bebê.
A organização ressalta no documento que a cesariana é efetiva para salvar a vida de mãe e bebê, mas somente quando é indicada por razões médicas.
Enquanto muitas mulheres que necessitam de cesarianas ainda não têm acesso à cesariana, particularmente em locais com poucos recursos, muitas outras passam pelo procedimento desnecessariamente, por razões que não podem ser justificadas clinicamente.
Segundo a OMS, a cesárea está associada a riscos de curto e longo prazo que podem se estender por muitos anos além do parto e afetar a saúde da mulher, da criança e de futuras gestações. Esses riscos são maiores em mulheres com acesso limitado a cuidados obstétricos abrangentes.
"As cesarianas também são dispendiosas, e altas taxas de cesáreas desnecessárias podem, portanto, afastar recursos de outros serviços essenciais de saúde, particularmente em sistemas de saúde sobrecarregados e fracos", diz o documento.
No documento, a OMS mostra dados recentes de 150 países. Atualmente, 18,6% de todos os nascimentos ocorrem por cesariana, variando de 1,4% para 56,4%. Ainda de acordo com a OMS, por quase 30 anos, a comunidade científica internacional considerou a taxa ideal para cesariana seção entre 10% e 15%.
América Latina e Caribe têm as taxas mais altas de cesariana (40,5%), seguido pela América do Norte (32,3%), Oceania (31,1%), Europa (25%), Ásia (19,2%) e África (7,3%).
Análise de tendências com base em dados de 121 países mostra que entre 1990 e 2014, a média global da taxa de cesárea quase triplicou (de 6,7% para 19,1%) com uma taxa média anual de aumento de 4,4%.
Os maiores aumentos absolutos ocorreram na América Latina e Caribe (de 22,8% para 42,2%), seguida pela Ásia (de 4,4% para 19,5%), Oceania (de 18,5% para 32,6%), Europa (de 11,2% para 25%), América do Norte (de 22,3% para 32,3%) e África (de 2,9% para 7,4%).
A OMS classifica o aumento como "sem precedentes" e "uma preocupação global que pede debate" da comunidade médica.
Segundo a OMS, as causas do aumento são múltiplas. Mudanças nas características da população, como o aumento na prevalência da obesidade, ou os aumentos na proporção de mulheres que nunca tiveram filhos, mulheres idosas ou nascimentos múltiplos, foram citados como possíveis contribuintes para o aumento.
Esses fatores são improváveis, no entanto, para explicar o grande aumento observado e as grandes variações entre países. Outros fatores, como diferenças na estilo de prática profissional, o medo dos médicos de processos, e fatores organizacionais, econômicos, sociais e culturais também são citados.
Segundo a OMS, o guia oferece recomendações de intervenções que incorporem questões apresentadas por profissionais de saúde e pacientes. Também leva em consideração os diferentes sistemas de saúde dos países e suas limitações.
Dentre as sugestões da OMS, estão: