O índio assassinado a tiros em um confronto entre indígenas e funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai), na quarta-feira (10), em Colniza, a 1.065 km de Cuiabá, foi identificado como Erivelton Tenharin, de 43 anos.
A identificação foi feita pela Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) e confirmada pela Polícia Civil de Colniza.
O corpo do índio que morreu foi levado para o necrotério de Colniza. Ainda não há informação sobre a liberação.
Conforme informações da Polícia Militar, um grupo de índios armados chegou à base da Funai em dois carros e uma moto na aldeia.
Um outro índio foi baleado e foi encaminhado par a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital São Lucas, em Juína, a 737 km da capital.
A unidade hospitalar se recusou a informar qual é o estado de saúde do indígena.
Segundo o sargento da PM Anderson Claudino de Freitas, os indígenas invadiram a sede da Funai depois de estourarem o cadeado de uma porteira.
"O chefe da Funai já vinha recebendo ameaças de morte e, inclusive, já tinha oficializado o crime. Os funcionários da Funai estavam sendo proibidos de passarem pela estrada dentro da reserva", disse.
Conforme o policial, o coordenador da Funai estava assistindo TV quando ouviu um barulho de carro se aproximando do local e percebeu que se tratavam dos indígenas.
"Como já havia essas ameaças, os funcionários da Funai já estavam preparados e revidaram ao ataque, atirando contra eles", disse.
Foram apreendidas oito armas de fogo que pertecem à Funai e entregues à Polícia Federal para perícia.
A segurança na reserva indígena está sendo feita pela Força Nacional e agentes do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Conforme o sargento da PM, a base da Funai fica em uma área de mais de 400 mil hectares, pertences a índios de duas etnias, uma delas a Kawariva.
O coordenador da Funai admitiu, segundo a polícia, que dispararam contra os índios.
Referências sobre os Kawahiva no noroeste de Mato Grosso existem desde 1750. Desde então, diz-se que tiveram contato com eles desbravadores como Marechal Cândido Rondon e o antropólogo francês Claude Lévi-Strauss.
A área foi delimitada em portaria da Funai publicada pelo Diário Oficial da União (DOU) somente em 2007, medida que automaticamente restringiu o direito de locomoção de não-índios pelo local.
Em 2017, Mato Grosso registrou oito casos de violência contra o patrimônio em terras indígenas. Os dados são de um levantamento realizado e divulgado pelo Conselho Indigenista e Missionário (Cimi).
Em Mato Grosso, os casos foram denunciados nas terras indígenas Capoto, Sangradouro, Nambikwara, Panará do Arauató, Apiaká-Kayabi, Parque indígena do Xingu, Kawahiva do Rio Pardo e Kanela, sendo um em cada uma delas.