Aos 31 anos, e após realizar exames de rotina, a pedagoga de Resende, RJ, Priscila Toledo, recebeu o diagnóstico tão temido por muitas mulheres: carcinoma invasivo na mama esquerda e carcinoma metastático na axila — câncer. ‘’Meu chão se abriu, minha família estava comigo no consultório, eu os vi falando com o médico. Rostos preocupados e eu sem conseguir ouvir ninguém, um silêncio na minha cabeça e lágrimas caindo’’.
A partir daí, Priscila conta que viu sua vida dar uma reviravolta. “ Estava preparada para uma mudança incrível, iria me casar, me mudar para Europa, realizar sonhos de infância. Ansiosa e cheia de expectativas, precisei pausar meus afazeres corridos por uma dor que um carocinho estava causando no meu mamilo esquerdo’’.
Dois dias após o diagnóstico, Priscila se casou no civil. Para provar a si mesma que conseguiria enfrentar qualquer tipo de adversidade, ela resolveu encarar o medo de altura e pulou de paraquedas. "Diagnóstico dia 4, casamento dia 6 e salto dia 8. Fiz para mostrar que se eu enfrento isso, enfrentaria qualquer coisa, tipo a quimioterapia".
Em seguida, o tratamento começou e logo no primeiro dia de quimioterapia veio a notícia da queda dos cabelos.
Doeu, doeu muito, não queria me olhar no espelho, mas quando olhei e me reconheci, ainda era eu mesma, meu olhar, meu sorriso e minha enorme vontade de viver!’’.
Acostumada com cabelos longos, ela decidiu ir aos poucos, fez um corte na altura dos ombros, mas logo esse visual também mudou.
“Queria aquele corte por mais tempo, mas dias depois acordei com a fronha cheia de fios soltos, passei a mão nos cabelos, os fios simplesmente se soltavam, não pareciam meus, eles simplesmente caiam’’.
A pedagoga contou com o apoio de amigas e da famíla. Durante o processo, o marido dela e o irmão decidiram raspar o cabelo como incentivo.
Priscila, o marido Marco Fernandes e o irmão Afonso Henrique no dia em que ela raspou o cabelo — Foto: Divulgação
‘’Me senti tão amada e protegida que o medo de surtar passou, foi leve, foi emocionante. Doeu, doeu muito, não queria me olhar no espelho, mas quando olhei e me reconheci, ainda era eu mesma, meu olhar, meu sorriso e minha enorme vontade de viver!’’.
Confiante, Priscila passou pela sexta das 16 sessões de quimioterapia e relata nas redes sociais todas as dificuldades e efeitos colaterais do tratamento.
“Aproveito para ressaltar o quanto foi importante eu mesma ter percebido aquele caroço, ter procurado logo um médico e feito os exames. As chances de cura são ainda maiores se o câncer é descoberto no início. Façam o autoexame, se cuidem’’ finaliza.
Priscila está na sexta das 16 sessões que faltam para acabar o tratamento — Foto: Divulgação
O câncer de mama é o tipo que mais atinge as mulheres brasileiras, com a expectativa de 59,7 mil novos casos a cada ano até 2019, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). A doença também atinge homens, mas a incidência representa 1% do total.
Apesar do aumento das taxas da doença em mulheres mais jovens, ainda assim, a faixa etária entre 40 e 50 anos representa 74% dos casos. Por isso, a Sociedade Brasília de Mastologia recomenda a realização da mamografia anualmente a partir dos 40.
Caroço, vermelhidão, pele endurecida, áreas estufadas, feridas, coceiras, saída de líquido do bico do peito (sem apertar) de cor vermelha ou transparente como a água e local endurecido são alguns dos sintomas. As mulheres devem procurar imediatamente um serviço para avaliação diagnóstica ao identificarem alterações persistentes nas mamas.