Os ex-secretários estaduais de Fazenda e de Gestão do atual governo, Paulo Brustolin e Júlio Modesto, respectivamente, receberam uma verba extra em 2015 como complemento de salário e que esse pagamento foi uma condição para que assumissem os cargos. É o que declarou o empresário Alan Malouf à Procuradoria Geral da República (PGR), no acordo de delação já homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Em nota, o advogado de Brustolin, Vinicius Segatto, diz que causou enorme estranheza e indignação ao ex-secretário a ligação do nome dele à delação premiada firmada pelo empresário Alan Malouf.
Pedro Taques também nega as irregularidades citadas pelo empresário. O G1 tentou, mas não conseguiu localizar a defesa de Júlio Modesto até a publicação desta reportagem.
Conforme Alan Malouf, Brustolin recebeu R$ 80 mil por mês entre janeiro e dezembro de 2015, primeiro ano da gestão Pedro Taques (PSDB), e Modesto, R$ 25 mil. O empresário afirmou que a pedido do governador eleito fez os pagamentos aos então secretários.
"Quando da composição do secretariado do atual governo, o peticionante esclarece que a pedido do governador eleito Pedro Taques, efetuou pagamentos a título de complemento de salário para os secretários Paulo Brustolin, que assumiu a Sefaz e Júlio Modesto, que assumiu a Seges", diz trecho do depoimento.
Os supostos pagamentos referentes a esse complemento de salário dos então secretários de estado foram feitos pelos empresários que compunham um grupo que fez doações à campanha de Taques em 2014, mediante acordo de que receberiam o dinheiro de volta depois que ele assumisse o governo, de acordo com o delator. Um desses empresários era o próprio Alan Malouf.
Além desses R$ 80 mil mensais, Brustolin teria recebido R$ 500 mil para que assumisse a Fazenda, já que, segundo o delator, ele era um executivo reconhecido que tinha uma renda mensal de aproximadamente R$ 60 mil, "razão pela qual só aceitava assumir um cargo no governo se seu salário fosse complementado, pois do contrário manteria suas atividades na iniciativa privada".
Em meados de 2016, Paulo Brustolin deixou o cargo no primeiro escalão da administração estadual. De acordo com Alan Malouf, ele saiu do governo porque previa escândalos e tinha receio de estar no governo quando isso acontecesse.
Já Modesto ainda permaneceu no governo porque sabia muito. "Tem a certeza que Júlio ainda está no governo porque sabe muito, já que foi o coração financeiro da campanha, pois do contrário já teria sido desligado da gestão", declarou o empresário.