O deputado federal Ságuas Moraes (PT) declarou que o convite aceito pelo juiz federal Sérgio Moro para assumir o Ministério da Justiça e de Segurança Pública do Governo Jair Bolsonaro (PSL) culmina com as denúncias feitas pelo seu partido de que o magistrado sempre foi parcial nos processos contra o ex-presidente da República Luís Inácio Lula da Silva (PT), detido em Curitiba e impedido de concorrer ao maior cargo do país.
Em pesquisas realizadas no primeiro semestre, Lula sempre foi o maior adversário de Bolsonaro e era apontado como o principal candidato para vencer as eleições antes de ser condenado a prisão por corrupção, tanto por Moro na 1ª instância, como na segunda instância. O petista segue detido na sede da Polícia Federal de Curitiba (PR).
Para Ságuas, o magistrado pode ter feito parte de um conluio para tirar o principal concorrente de Bolsonaro nas eleições, e no futuro fazer parte de seu governo como ministro ou até ser indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF).
“O fato de ele aceitar o convite ou não, eu não tenho nem o que dizer por ser uma decisão pessoal dele e do presidente eleito. Agora uma coisa que a gente vinha denunciando o tempo todo foi a forma parcial como ele conduziu os casos quando relacionava a membros do PT. A celeridade que ele deu ao caso do presidente Lula foi recorde de rapidez de todos os processos julgado no Brasil”, disse o deputado ao Olhar Direto.
“Nós já dizíamos que isso tinha um intuito claro, o de não permitir a eleição do presidente Lula. Ele ultrapassou todos os limites. Na 4ª Região, o processo foi passado na frente de outros e não seguiu o ritual normal. Foi tudo feito de forma muito célere para impedir que o presidente lula pudesse ser candidato”, avaliou.
O parlamentar também questionou a decisão do magistrado em retirar o sigilo de parte da delação premiada do ex-ministro dos governos Lula e Dilma Rousseff, Antôno Palocci, durante o período eleitoral, fato que prejudicou bastante a campanha de Fernando Haddad (PT) na disputa pela presidência.
“Houve um conluio para impedir o presidente Lula de ser candidato e por fim, na última hora houve uma imprudência, ou uma sacanagem mesmo para permitir que a delação do Palocci fosse liberada para prejudicar a candidatura do ministro Haddad. Então foi todo um arranjo, que culminou com a sua chegada e agora está toda a prova disso, quando ele é convidado e aceita. De fato houve uma trama para impedir o presidente Lula. Se ele tivesse dado celeridade a todos os processos e a todos os partidos estava tudo bem, mas ele foi seletivo com o PT”, finalizou.
Moro já vinha sendo apontado como possível ministro da Justiça de Bolsonaro desde que o candidato do PSL venceu o segundo turno no último domingo (28). O convite veio publicamente após o período eleitoral e foi aceito pelo magistrado nesta manhã.