Durante o curto período em que se instalou um garimpo ilegal no município de Aripuanã (a 883 quilômetros de Cuiabá), que ficou conhecido como a nova “Serra Pelada”, as vendas nos comércios locais tiveram um aumento de cerca de 20%, segundo o prefeito, Jonas Canarinho. De acordo com ele, as áreas que mais ganharam com a chegada de garimpeiros foram as de agropecuária, materiais de construção e  os mercados.

“Nestes 15 dias houve um aumento de 20%, entre mercados, casas de agropecuária, setor de materiais de construção. Eles [garimpeiros] compraram muito nestas áreas”, disse o chefe do Executivo Municipal, em entrevista ao Olhar Direto.
 
Aripuanã possui pouco mais de 20 mil habitantes, segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O município com belíssimas cachoeiras, vegetação densa na margem do rio e fartura de peixes, recebeu a visita de pessoas de outros estados e até de outros países como Peru e Suriname.
 
Apesar do receio, o fluxo de pessoas não trouxe novos casos de violência ao local que já possui este histórico em regiões de assentamentos, conforme pontuou o prefeito.  Segundo a Polícia Militar, uma equipe da Força Tática foi enviada ao município para auxiliar na segurança local.
 
Canarinho disse se preocupar com a saúde, tanto que solicita com veemência ao Estado o auxílio de médicos, pois o município localizado dentro da Amazônia, possui clima tropical, o que é tendenciosos a doenças.  

“Estamos dentro do bioma da Amazonas, [onde] proliferam doenças daquela região como malária, dengue. E se chegar um hospedeiro em qualquer cidadão infectado, estaremos com uma situação. E essa é a preocupação hoje do município. Não teve nenhum caso registrado, estamos tranquilos, o município esta recebendo, esta suportando. A única coisa que nós pedimos, continuamos insistindo que o Governo, caso tenha condições, mande mais dois ou três médicos, porque houve um aumento muito grande nos atendimentos dos hospitais”, ponderou.


Empresa detentora da área
 
O local onde os garimpeiros estão à procura de ouro está localizado a 11 kms do município, às margens da MT-208, especificamente na Fazenda Dardanellos. A empresa Nexa é detentora do subsolo e possui um projeto polimetálico de exploração e beneficiamento de zinco, chumbo e cobre, localizado na Serra do Expedito, a 25 km da cidade. Comestimativa de vida útil mínima de 15 anos, a capacidade produtiva anual será de 1,8 milhão de toneladas de minério. O investimento previsto de R$ 675 milhões será o maior projeto de mineração do estado.
 
Conforme o prefeito, a empresa já fez a denúncia da ocupação aos órgãos competentes. A Polícia Federal informou estar ciente da situação.  Contudo, ele demonstrou preocupação com os trabalhadores ilegais do garimpo.
 
“É uma preocupação da nossa parte, quanto prefeito, em não deixar aqueles garimpeiros serem escorraçados de lá, serem tratados como pessoas de má índole. Estamos cuidando para que os órgãos cheguem lá e nós tenhamos uma conversa, um diálogo, para chegar a um consenso e que todo mundo saia numa boa, sem ter algum problema, prejuízo”, disse. “Nós buscamos essa relação junto ao MPM, fiscalização na parte de meio ambiente, a empresa Nexa e até mesmo o município, através da Câmara de Vereadores e a gente quanto prefeito, buscar uma melhor saída. A nossa região é conhecida como uma região de um índice muito grande de violência, aquelas regiões de assentamento. A gente tem essa preocupação de não criar mais essa situação, mas sim trazer para um diálogo sério, uma coisa que possa ser um pouco mais amena”, finalizou.